09h30 - entrada na clinica de Santo António, registos e etc. Às 10h já estou no quarto, para uma longa espera até às 15h, a hora marcada para a intervenção.
12h30 - esta seria a minha hora de almoço, tenho de limitar-me a ouvir os pratos e talheres no corredor. Nem água posso beber.
15h00 - começa o período de desconto. Nas ultimas horas recebi uma data de telefonemas e mensagens, mas nada me tira a ansiedade e a vontade de despachar o assunto. O meu pai faz-me companhia, mas já nem há palavras para além de um murmurar de quantos minutos vão passando.
16h00 e picos - quando já penso que se tinham esquecido de mim, entram finalmente no quarto para a «preparação»: bata, meias brancas anticoagulação e a partir de agora já não me posso levantar. Passo para o bloco operatório, onde me espetam na mão uma pequena agulha para administração de medicação. E ali fico à espera, durante mais de uma hora. Tenho uma quebra de tensão por causa da agulha, mas tenho vergonha de me queixar e espero que passe. Espero mais, deitada e a vê-los a passar.
17h25 - empurram a maca, pergunto as horas, entramos na sala da cirurgia, muita luz e música de fundo. Um «até já» e apago.
19h00 e picos - a primeira recordação que tenho, a maca a deslocar-se e a passar pelos meus pais e pelo meu irmão. Colocam-me noutro sítio, transpiro em bica. Aparece o meu pai, «estou cheia de sono», depois a minha mãe, «estou cheia de sono», por fim o Migas, «estou cheia de sono».
21h00 e picos - mudam-me finalmente os lençóis, consigo um pouco de conforto. Tenho pela primeira vez consciência do penso na garganta, vejo as horas, peço de beber. Espera-me uma noite agitada na UCI, em que de hora a hora um sujeito pergunta as horas.
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