7 de abril de 2012

Ainda vão a tempo

É inacreditável como uma das melhores exposições que vi até hoje sobre um escritor português tenha sido realizada por uma fundação brasileira. De facto, se o Museu da Língua Portuguesa está em São Paulo e não em Lisboa (ou também em Lisboa), é porque nós, portugueses, se calhar não estamos a dar o devido valor a um dos bens mais preciosos que temos. Mas existem os brasileiros, e ainda bem, que prezam a nossa língua de um modo quase invejável.

E tudo isto para recomendar a exposição «Fernando Pessoa, plural como o universo», patente na Gulbenkian até 30 de abril depois de ter passado por São Paulo e pelo Rio. Testemunhando a vida e obra do poeta e dos seus heterónimos, a exposição vale não apenas pelo acervo mas acima de tudo, a meu ver, pelo modo como está montada. Interativa, cheia de filmes, sons e vozes, leva-nos para dentro do(s) mundo(s) do poeta de um modo infelizmente ainda raro por cá.

Dos objetos, não perder a famosa arca de madeira onde Pessoa guardava milhares de originais, descobertos após a sua morte, e o magnífico retrato feito por Almada Negreiros, que só ao vivo transmite a sua verdadeira grandeza e força da cor.

Das centenas de trechos que li hoje, e que mudavam com um movimento do meu braço, não pude deixar de registar estes dois. Pela ironia e, acima de tudo, pela atualidade. Grandes verdades.



 Nota: Joaquim Moura Costa era um dos heterónimos menos conhecidos de Fernando Pessoa.

2 comentários:

Alex disse...

Vou anotar. Curioso que a melhor exposição que vi sobre o Fernando Pessoa foi em Bruxelas, em 1991.

Vespinha disse...

Vês? Tenho pena de não sermos nós a valorizarmos mais o que é nosso... Depois diz se gostaste.