3 de maio de 2013

Até na morte é preciso ter sorte

Na 3.ª feira, uma vizinha da minha mãe teve o azar de morrer na rua. Era nova, 57 anos, mas sofria de diversos problemas a nível hepático e pulmonar, que não lhe dariam muito mais tempo de vida. Mas foi na rua, à hora de almoço. Os bombeiros vieram e a minha mãe, na ausência da equipa médica que ainda não tinha chegado, ainda tentou a reanimação. Não quero imaginar, nem ela quer contar, aquilo que viu e por que passou. Conheciam-se há 40 anos.

Foi passada a certidão de óbito, sabia-se perfeitamente do que tinha morrido e que não duraria muito mais, e uma autópsia nestes casos é perfeitamente dispensável. Passou o resto do dia de 3.ª feira, passou o feriado, passou 5.ª e chegou 6.ª feira, quando finalmente se dignaram informar a família de que vão proceder a uma autópsia na próxima 2.ª feira!

Passará no mínimo uma semana entre o momento da morte e o do sepultamento. Esta mulher tem um filho, tem pais, tem uma irmã e sobrinhos. Gente que vai ter de esperar dias até poder começar a fazer o luto. Isto não se faz. Por respeito pelo corpo e por respeito pela família. Não se faz.

4 comentários:

CAP CRÉUS disse...

Não ter ficado na rua, horas a fio, já não foi mau.
Uma miséria de País.

Vespinha disse...

Aí julgo que houve também a intervenção da minha mãe, que como é médica acelerou o processo. Infelizmente depois não conseguiu acelerar mais... :(

Laura Santos disse...

Será por ter morrido na rua que é necessária essa autópsia na segunda feira...? Mas que é um pouco ridículo, é.
Não deve ter sido uma experiência nada agradável para a tua mãe, assistir assim ao falecimento de uma amiga de tantos anos...

Vespinha disse...

A autópsia é por ter morrido na rua... escusavam é de esperar 6 dias para a fazerem.