24 de julho de 2014

O último dia da vida de um cão

Ora aqui está algo que eu muito dificilmente conseguiria fazer (e que, de facto, não consegui...). A dona de Duke Roberts, um labrador com um tumor em fase terminal a quem já tinha sido amputada uma pata, planeou ao pormenor o último dia do seu velho amigo que tinha adotado há 3 anos. Nesse dia, Duke comeu as suas comidas favoritas, esteve com as pessoas de quem mais gostava, passeou no parque e brincou na água. Não houve lágrimas, mas muitos sorrisos. E depois descansou nos braços da dona, numa cerimónia ao ar livre.

Lembro-me bem do dia em que tive de tomar a mesma decisão em relação à Twiggy. Comeu muito do paté que adorava, dado pela minha mãe, andou de carro até ao veterinário com a cabeça ao vento como tanto gostava, não passeou a pé porque já lhe custava, e acabou por adormecer nos meus braços. Mas não consegui oferecer-lhe um sorriso, porque durante horas não consegui conter as lágrimas.E está a custar-me muito escrever este tópico, mas tinha de ser, porque a história é linda e um exemplo a seguir.

As fotografias do último dia de Duke foram captadas pela fotógrafa Robyn Arouty.







Robyn Arouty
Robyn Arouty
Robyn Arouty
Robyn Arouty

9 comentários:

Sexinho disse...

Um dia tive de fazer o mesmo com a minha gata Mafaldinha; depois de 19 anos juntas (atravessou o bom e o mau comigo) tive de me despedir dela. Tinha pedido aos vet que me ensinassem os sinais que me indicariam que a partir daí seria só dor ( e isso eu não queria para ela), quando esse momento chegou, programei todo o dia, articulei-me com eles, pedi-lhes, expliquei-lhes e eles foram lá a casa (uns santos mesmo) porque eu não queria que ela tivesse o desconforto de adormecer longe da casa dela, Sorri todo o dia para ela e só quando ela adormeceu no meu colo é que soltei as lágrimas que já não me cabiam no peito (e pelos vistos ainda não cabem hoje - claro que estou a chorar)
Não me arrependo de nada; adormeceu a ronronar e a olhar para os meus olhos.

GATA disse...

Eu já tinha lido o artigo, e chorei quando cheguei ao fim.

Eu sofri (e ainda sofro) muito com a partida de "El Gato", mas no dia em que decidi que eu ia acabar com o seu sofrimento, ele ajudou-me e acabou ele com o dito e morreu-me nos braços. Eu chorei tanto, mas tanto, que pensei que morria também. Ainda hoje choro (sozinha)... faz-me tanta mas tanta falta que nem imaginas, porque eu acredito que "El Gato" era um anjo encarnado em forma de gato. [maluquices minhas!]

CAP CRÉUS disse...

Já tinha visto isto e hoje quando oenso naquele fim de tarde, penso que deveria ter feito algo semelhante.
Que saudades da minha Maria Joana...

Vespinha disse...

Eu acho que eles vão mas deixam sempre um espacinho no nosso coração para um dia recolhermos outro. Os animais não são como nós, egocêntricos. :(

Quanto a esta despedida, gostava de ter tido a mesma paz de espírito no último dia da Twiggy, mas dei-lhe o melhor que consegui.

pedro disse...

Eu passei a última semana a chorar pelos cantos. Vivi cada minuto sempre a pensar que era o fim. Por isso, no dia em que finalmente o Pico nos deixou, quase não chorei, nesse dia sorri, agradecendo ter podido tê-lo por tanto tempo, e sabendo que os problemas que ele tinha finalmente acabaram.
Voltei a chorar, e muito nos dias seguintes...

Cristina Torrão disse...

Que coragem, Vespinha, a escrita deste texto!
Também acho que não conseguia oferecer um sorriso, nesses momentos derradeiros...

Vespinha disse...

Não, não foi fácil escrever este texto nem escolher as fotografias para o ilustrar. Mas tinha de o fazer pela admiração que tenho por esta família e para me mentalizar a mim própria de que este se calhar deve ser o melhor caminho...

Mamã disse...

Há "momentos" que "tento" esquecer.
Mas, nem sempre é fácil.
Tu sabes.
Mil beijinhos.

Vespinha disse...

Esses dias podem ficar ligeiramente adormecidos, mas nunca esquecidos...