7 de julho de 2015

Maria Barroso. Teremos saudades


Tinha este tópico agendado para hoje de manhã, escrito ontem à noite quando Maria Barroso ainda estava vivo. E acabo de saber que o primeiro parágrafo já não faz sentido, mas publico-o na mesma. Obrigada, Maria Barroso.

«Desde o dia 26 de junho, quando soube da sua entrada em coma, que todos os dias tenho um bocadinho de esperança de ouvir que o estado desta senhora não seja de facto, como dizem, irreversível. Não apenas porque simpatizo muito com aquela figura pequenina, mas sobretudo pelo serviço que, quase sem se notar, prestou à democracia no nosso país. Uma humanista no verdadeiro sentido do termo, uma mulher que não teve medo, que casou por procuração com o marido na cadeia, que não teve vergonha em se virar para a Igreja quando o filho esteve à beira da morte, que sabia manter uma posição quando acreditava nela e alterá-la quando percebia que não tinha razão.

Tomara grande parte das repúblicas terem uma primeira-dama como ela.»

No regresso do exílio em abril de 1974.
Uma grande senhora entre grandes senhores. 
Nos tempos de primeira-dama.
Sempre na linha da frente.
Tempos felizes que já não voltam.

3 comentários:

Anónimo disse...

Assino por baixo!!!! Grande Senhora!!!

Vespinha disse...

Ficamos mais vazios...

João disse...

Não assino por baixo, porque o serviço prestado à democracia foi o mesmo que Mário Soares prestou, que foi criar uma democracia de conivência com práticas obscuras e não transparentes e que perpetuou o poder num arco apenas alcançável através de favores e amizades. (este é o facto pelo qual nunca entrarei na política, porque o poder está limitado àqueles que querem ser coniventes com corrupção e outras coisas que tais). A nossa "democracia" não chegou a este ponto sozinha. E Mário Soares é uma figura central da mesma. E Maria Barroso foi, sempre, conivente com tudo isto. Palavras vão com o vento e as acções ficam para os outros lidarem. É por isso que não partilho nem nunca partilharei deste tipo de homenagens que engrandecem aqueles que minaram o futuro porque o poder é mais importante.

Não retiro nenhuns méritos profissionais/artísticos que ela possa ter e estou certo que seria uma senhora simpática, amável e inteligente. E lamento a dor de todos os que perderam um ente querido com a morte dela. Mas não subscrevo nem nunca subscreverei o alegado mérito democrático destas personalidades.