Don Delillo é aquilo que se pode chamar de "escritor moderno", pelos temas que escolhe para os seus livros, como os meios de comunicação, a guerra nuclear, o terrorismo global, a era digital. Nunca tinha lido nada dele, mas este Zero K atraiu-me. O grande tema é a criopreservação de corpos em final de vida por longevidade ou doenças incuráveis para um dia poderem ser "descongelados"e curados.
É um livro estranho, muito estranho. Jeffrey Lockhart é filho de um milionário investidor numa empresa de adiamento da morte. Ao visitar a sede, localizada algures num cenário gelado presumivelmente na Rússia, descobre que a sua madrasta é uma das pessoas que recorrerá às técnicas de preservação dos corpos. Durante dias, antes da despedida final, percorre corredores vazios cheios de portas que abrem e não abrem, depara com pessoas que não parecem pessoas, com ecrãs que saem do teto para mostrar desgraças como incêndios, guerras, inundações, pragas, terrorismo, reflete com o pai sobre a imortalidade e a vida humana.
Não é um livro fácil nem linear, mas é uma interessante incursão na obra de Delillo e aguça a curiosidade para conhecer mais uns tantos.
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