Comprei este livro na Feira do Livro como uma comédia, mas não lhe achei assim tanta piada. Mas também não o achei macabro. Achei-o assim algo sem sal.
A família Tuvache tem uma longa tradição nos métodos suicidas, ao ponto de terem uma loja onde vendem todos os acessórios necessários para o cometer: cordas com laços de forca, armas de fogo, armas brancas, todo o tipo de venenos. E eles próprios, pai, mãe e filhos, são pessoas naturalmente tristes e soturnas, que só não se suicidam porque têm um negócio de suicídios para gerir.
Até que nasce o filho mais novo, Alan, uma criança alegre desde bebé que vem trazer gargalhadas a um mundo pautado pelo culto da infelicidade. Os pais chegam a lamentar tê-lo tido (concebido com um preservativo furado que vendem para transmissão de doenças venéreas), pois estraga-lhes a família e estraga-lhes o negócio. Só que Alan não desiste e consegue contagiar o que o rodeia.
Assim contada, a história parece interessante, mas a verdade é que não gostei do livro. Existe também o filme de animação, de 2012, que pelas críticas que li parece bom. A ver assim que puder para testar se o problema sou eu se é o livro.
28 de junho de 2017
27 de junho de 2017
26 de junho de 2017
22 de junho de 2017
21 de junho de 2017
20 de junho de 2017
Guardas de passagem de nível, de Carlos Cipriano
Os Retratos da Fundação são sempre uma coleção em que aprendo algumas coisas. Para quem não conhece, são uma espécie de grandes reportagens em forma de livro e a um preço baixo (entre os €2,50 e os €3,50).
Este foi escrito pelo descendente de uma família de ferroviários, portanto por quem está bem dentro do assunto. E foca um dos postos mais baixos da carreira ligada aos comboios: as guardas de passagem de nível (sim, a enorme maioria são - ou, melhor, eram - mulheres), aquelas senhoras que fecham e abrem as cancelas antes e depois de os comboios passarem quando não há passagens desniveladas.
São retratadas talvez umas dezenas de mulheres, quase todas com cinquenta e muitos anos e das poucas profissionais que ainda restam em Portugal. Algumas ainda residem nas casetas, o nome que se dá às casinhas minúsculas de onde as vemos sair. Outras deslocam-se todos os dias para os seus postos. E outras, ainda, vão atrás dos seus postos. Como aquela que entra no comboio numa estação, sai noutra estação e vai rapidamente fechar a cancela umas centenas mais à frente na linha antes de o comboio que a trouxe passar, para depois a abrir e fazer o mesmo no comboio da volta. Ou outra, na linha do Vouga, que sai do comboio antes da passagem de nível, quando este abranda, faz o seu serviço e volta a entrar na composição uns metros depois.
Dei por mim com nostalgia da adolescência, quando tinha de passar por uma passagem de nível com guarda onde as pessoas se irritavam quando esperavam muito. Mal sabiam que provavelmente aquela espera lhes estava a salvar a vida. São vestígios de um mundo que vale a pena espreitar.
Nota: Podem ler sobre mais alguns destes livros aqui (Malditos - Histórias de homens e de lobos), aqui (A porteira, a madame e outras histórias de portugueses em França), aqui (Prematuros) e aqui (Na urgência).
Este foi escrito pelo descendente de uma família de ferroviários, portanto por quem está bem dentro do assunto. E foca um dos postos mais baixos da carreira ligada aos comboios: as guardas de passagem de nível (sim, a enorme maioria são - ou, melhor, eram - mulheres), aquelas senhoras que fecham e abrem as cancelas antes e depois de os comboios passarem quando não há passagens desniveladas.
São retratadas talvez umas dezenas de mulheres, quase todas com cinquenta e muitos anos e das poucas profissionais que ainda restam em Portugal. Algumas ainda residem nas casetas, o nome que se dá às casinhas minúsculas de onde as vemos sair. Outras deslocam-se todos os dias para os seus postos. E outras, ainda, vão atrás dos seus postos. Como aquela que entra no comboio numa estação, sai noutra estação e vai rapidamente fechar a cancela umas centenas mais à frente na linha antes de o comboio que a trouxe passar, para depois a abrir e fazer o mesmo no comboio da volta. Ou outra, na linha do Vouga, que sai do comboio antes da passagem de nível, quando este abranda, faz o seu serviço e volta a entrar na composição uns metros depois.
Dei por mim com nostalgia da adolescência, quando tinha de passar por uma passagem de nível com guarda onde as pessoas se irritavam quando esperavam muito. Mal sabiam que provavelmente aquela espera lhes estava a salvar a vida. São vestígios de um mundo que vale a pena espreitar.
Nota: Podem ler sobre mais alguns destes livros aqui (Malditos - Histórias de homens e de lobos), aqui (A porteira, a madame e outras histórias de portugueses em França), aqui (Prematuros) e aqui (Na urgência).
19 de junho de 2017
18 de junho de 2017
Impossível não sofrer por eles
Mais de 60 pessoas como nós que devem ter tido uma das mortes mais horríveis possível. Aquela que não consigo imaginar, porque implica um grande sofrimento precedente. Temos mesmo todos de estar de luto.
16 de junho de 2017
14 de junho de 2017
13 de junho de 2017
Escrito na água, de Paula Hawkins
Depois de A rapariga na comboio, que me prendeu no livro e também no filme (coisa rara ambas as coisas me agradarem), mal pude comprei este Escrito na água (Into the water, a versão que comprei por ser metade do preço).
Numa pequena cidade britânica, uma zona do rio que a atravessa foi já palco ao longo de séculos de vários afogamentos de mulheres, uns voluntários outros não. Nel estuda o rio e os seus casos, até que um dia ela própria aparece morta nas suas águas. Dias antes, tinha deixado uma mensagem de pedido de ajuda no gravador de mensagens da sua irmã Jules. Uma contradição, portanto, uma vez que tudo aponta para o suicídio sem que no entanto algumas coisas batam certo. Vai ser preciso regressar ao passado recente e longínquo para se descobrir o que aconteceu.
Se gostei do livro? Nem por isso. Achei-o aborrecido, com um ritmo lento, e com excesso de narradores assim não tão surpreendentes. Deu-me ideia de que Paula Hawkins foi quase forçada a escrever algo para dar continuidade ao êxito do livro anterior. Julgo que esteja a vender bem, mas a mim não me convenceu.
Numa pequena cidade britânica, uma zona do rio que a atravessa foi já palco ao longo de séculos de vários afogamentos de mulheres, uns voluntários outros não. Nel estuda o rio e os seus casos, até que um dia ela própria aparece morta nas suas águas. Dias antes, tinha deixado uma mensagem de pedido de ajuda no gravador de mensagens da sua irmã Jules. Uma contradição, portanto, uma vez que tudo aponta para o suicídio sem que no entanto algumas coisas batam certo. Vai ser preciso regressar ao passado recente e longínquo para se descobrir o que aconteceu.
Se gostei do livro? Nem por isso. Achei-o aborrecido, com um ritmo lento, e com excesso de narradores assim não tão surpreendentes. Deu-me ideia de que Paula Hawkins foi quase forçada a escrever algo para dar continuidade ao êxito do livro anterior. Julgo que esteja a vender bem, mas a mim não me convenceu.
12 de junho de 2017
9 de junho de 2017
Balanço das minhas duas idas à Feira
O que vale é que a terceira ida será com as miúdas, portanto sem grande mobilidade para me perder de novo.
8 de junho de 2017
7 de junho de 2017
6 de junho de 2017
O estrangeiro, de Albert Camus
Depois de ler A peste, tinha de continuar a ler Albert Camus. O seguinte foi O estrangeiro e o próximo será A queda.
Este «estrangeiro» é Mersault, uma personagem que parece vazia de sentimentos. Encara a morte da mãe como algo leve, e o seu prévio internamento numa casa de repouso como algo que lhe faria bem a ela. Encara um possível casamento com a amante esporádica como algo que tanto lhe faz, que tanto podia ser com ela como com qualquer outra pessoa. E encara o crime que comete como outro ato qualquer. crime esse, aliás, que pratica sem grande motivo aparente.
No julgamento que se segue, onde quase se condena mais a atitude leviana perante a morte da mãe do que o assassínio que cometeu, Mersault não mostra sentimentos de culpa, revelando-se como um estrangeiro entre os restantes seres humanos. Pessoa estranha, este Mersault. Descrito, no entanto, numa escrita limpa, como eu gosto.
Este «estrangeiro» é Mersault, uma personagem que parece vazia de sentimentos. Encara a morte da mãe como algo leve, e o seu prévio internamento numa casa de repouso como algo que lhe faria bem a ela. Encara um possível casamento com a amante esporádica como algo que tanto lhe faz, que tanto podia ser com ela como com qualquer outra pessoa. E encara o crime que comete como outro ato qualquer. crime esse, aliás, que pratica sem grande motivo aparente.
No julgamento que se segue, onde quase se condena mais a atitude leviana perante a morte da mãe do que o assassínio que cometeu, Mersault não mostra sentimentos de culpa, revelando-se como um estrangeiro entre os restantes seres humanos. Pessoa estranha, este Mersault. Descrito, no entanto, numa escrita limpa, como eu gosto.
5 de junho de 2017
Pequena amostra de um dos dias mais felizes da minha vida
Ter a minha família próxima e alargada toda junta (apenas com duas baixas que estão a trabalhar lá fora) a comemorar o primeiro aniversário e o batismo da Luísa e da Maria era algo que nunca pensei ver acontecer. Só elas para nos proporcionarem um dia assim.
PS: Em breve, mais imagens dos pormenores.
3 de junho de 2017
Um ano do melhor de mim
Foi às
00h01 e às 00h02 do dia 03.06.16 que a minha vida mudou para sempre. No final do dia 2, tive fortes dores na parte de baixo da barriga e chamaram ajuda por mim. Depois disso, de nada me lembro. Sei que as bebés estavam em sofrimento, que nasceram com um Apgar baixíssimo e tiveram de ser reanimadas, que depois reagiram bem, que no dia seguinte eu estava estranha, que à noite tive falta de ar e perdi os sentidos, que pelas 3h da manhã de dia 4 estava de novo no bloco de operações a ser operada à aorta, que estive um dia e tal em coma induzido e que dei por mim no dia 6, rodeada de gente e com uma longa cicatriz no peito. No dia 9 de junho de 2016 vi, conscientemente, as minhas filhas pela primeira vez.
Os dias e semanas seguintes foram muito difíceis, tive de ter ajuda para tudo e estava praticamente incapacitada para cuidar delas, que tiveram alta no final de junho. Só em agosto comecei a ter alguma autonomia para as criar, e a partir daí foi sempre a melhorar fisicamente. Psicologicamente, estão cá as sequelas, de ter perdido a memória de uns tantos dias, de ter estado tão perto da morte no dia em que dei vida e de ter causado tanta angústia e sofirmento às pessoas que me rodeiam. Mas tenho de ultrapassar tudo e tenho sentido os progressos, com a ajuda das minhas filhas e de toda a minha família e muitos amigos.
Hoje, tenho duas bebés maravilhosas, bem-dispostas, que comem e dormem que é um regalo, que sorriem para toda a gente e que estão sempre juntas e em interação uma com a outra. Julgo que são crianças felizes.
Daqui a uma hora serão batizadas, sobretudo como um agradecimento a quem, seja que entidade for (mas que eu suspeito quem são), nos ajudou a continuarmos por aqui as três.
Meus amores, Luísa e Maria, que continuem a dar-nos tanta alegria e felicidade como dão e que eu esteja convosco por muitos e muitos anos para poder ver-vos sorrir.
Os dias e semanas seguintes foram muito difíceis, tive de ter ajuda para tudo e estava praticamente incapacitada para cuidar delas, que tiveram alta no final de junho. Só em agosto comecei a ter alguma autonomia para as criar, e a partir daí foi sempre a melhorar fisicamente. Psicologicamente, estão cá as sequelas, de ter perdido a memória de uns tantos dias, de ter estado tão perto da morte no dia em que dei vida e de ter causado tanta angústia e sofirmento às pessoas que me rodeiam. Mas tenho de ultrapassar tudo e tenho sentido os progressos, com a ajuda das minhas filhas e de toda a minha família e muitos amigos.
Hoje, tenho duas bebés maravilhosas, bem-dispostas, que comem e dormem que é um regalo, que sorriem para toda a gente e que estão sempre juntas e em interação uma com a outra. Julgo que são crianças felizes.
Daqui a uma hora serão batizadas, sobretudo como um agradecimento a quem, seja que entidade for (mas que eu suspeito quem são), nos ajudou a continuarmos por aqui as três.
Meus amores, Luísa e Maria, que continuem a dar-nos tanta alegria e felicidade como dão e que eu esteja convosco por muitos e muitos anos para poder ver-vos sorrir.
Aqui, a Maria e a Luísa com 2 horas de vida.
E aqui, a Luísa e a Maria com 362 dias de vida.
2 de junho de 2017
Há um ano...
... estava eu em Santa Maria internada no 4.º piso de obstetrícia, com uma barriga gigante, a fazer testes de proteinúria, a medir a tensão frequentemente a fazer CTG de manhã e à tarde. À noite ainda jantei lasanha de atum, um dos meus pratos favoritos que um colega de trabalho me tinha levado. A partir das nove e tal da noite foi o vazio completo na minha mente, até quatro dias depois. Mal suspeitava de que dois minutos depois da meia-noite, sem o saber, já teria as duas bebés cá fora.
1 de junho de 2017
Arranha-céus, de J. G. Ballard
Só para começar: digam lá se esta capa é ou não é muito gira? E como a sinopse também prometia, fiqui a conhecer um autor que, sem o saber, tinha escrito O império do Sol e Crash. Mais dois pontos.
Este arranha-céus fica nos arredores de Londres dos anos 70 e foi pensado pelo arquiteto para ter todas as comidades integradas: lojas, piscinas, uma escola... 45 andares ao estilo das unidades de habitação de Le Corbusier. Este edifício alberga habitantes bastante heterogéneos, dos artistas e empresários que vivem nos andares superiores às famílias modestas que habitam os andares inferiores.E é aqui que começam os primeiros problemas.
Gradualmente, o ar condicionado vai deixando de funcionar, o lixo vai-se acumulando nas condutas, os elevadores param um após o outro. E, aos poucos, todos os pisos vão sendo vítimas de vandalismo por parte dos próprios habitantes. Estes, em vez de abandonarem o edifício, sentem-se presos a ele, entrando num estado de barbárie onde se vive o salve-se quem puder e onde o que interessa é a pura sobrevivência.
Um livro catastrofista mas que reflete uma boa parte da sociedade atual, não apenas pela caracterização das personagens, mas também pelas situações limite que vivem. Venham mais livros deste autor.
Este arranha-céus fica nos arredores de Londres dos anos 70 e foi pensado pelo arquiteto para ter todas as comidades integradas: lojas, piscinas, uma escola... 45 andares ao estilo das unidades de habitação de Le Corbusier. Este edifício alberga habitantes bastante heterogéneos, dos artistas e empresários que vivem nos andares superiores às famílias modestas que habitam os andares inferiores.E é aqui que começam os primeiros problemas.
Gradualmente, o ar condicionado vai deixando de funcionar, o lixo vai-se acumulando nas condutas, os elevadores param um após o outro. E, aos poucos, todos os pisos vão sendo vítimas de vandalismo por parte dos próprios habitantes. Estes, em vez de abandonarem o edifício, sentem-se presos a ele, entrando num estado de barbárie onde se vive o salve-se quem puder e onde o que interessa é a pura sobrevivência.
Um livro catastrofista mas que reflete uma boa parte da sociedade atual, não apenas pela caracterização das personagens, mas também pelas situações limite que vivem. Venham mais livros deste autor.
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