29 de março de 2018

A gravitação do amor, de Sara Stridsberg

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Beckomberga era um hospital psiquiátrico nos arredores de Estocolmo, albergando cerca de 2000 doentes em permanência e tendo estado em funcionamento entre 1932 e 1995. É este o principal cenário da história de Jimmie Darling e da sua filha Jackie, que durante anos acompanha o pai no estado depressivo que o atravessa toda a sua vida.

Jimmie é um homem alcoólico, sempre a pensar em pôr fim à vida, que não consegue manter e alimentar os elos de ligação com as mulheres com quem se relaciona e, sobretudo, com filha. Mas esta não desiste dele. Apesar de não o tentar dissuadir de quaisquer atos, está sempre do seu lado, aceitando-o tal como é. Desde adolescente, quando começa a visitar o pai na instituição, até ser mãe, quando o acompanha à distância, Jackie é um paradoxo: apesar de não desistir do pai, não contesta e parece não sofrer com nada do que ele pensa, diz ou faz. Como se lê a dada altura, quando o pai diz para ela não se preocupar com ele: «Mas quem disse que eu estou preocupada?».

É um livro interessante narrado em pequenos pedaços em muitos tempos diferentes e de modo fluido. O ambiente é um pouco opressivo, apesar de a autora conseguir, graças à poesia da sua escrita, aliviar um pouco a tensão. É que a doença mental anda sempre por ali, tendo começado mesmo antes de Jimmie, na pessoa da sua mãe.

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