Este é um livro estranho, uma vez que não o consigo classificar num género. Não é um romance, não é um diário (apesar de também o ser), não é um livro de crónicas (apesar de ser um livro de reflexões). Mas todo ele parte de algo muito concreto que é o Holocausto.
Essencialmente, o livro está dividido em três partes: o diário de Lili Jaffe desde que foi levada para Auschwitz em abril de 1944 até à sua libertação em 1945; um conjunto de reflexões da filha com base nas entradas do diário; e o relato da neta quando visitou o campo em 2009.
O diário terá sido escrito já depois da libertação, uma vez que no campo não haveria condições para o fazer, e os registos são feitos numa linguagem muito crua, quase como se alguém de fora estivesse a descrever um filme. Com uma mãe que aprendeu a relativizar tudo depois do campo, Noemi escreve as suas reflexões a propósito do que a mãe registou: a raiva, a família, o frio, o desejo, o esquecimento, a fome, a dignidade, a humilhação, a memória. Por fim, a neta visita o campo, e aquilo que sente não deixa de nos surpreender, sobretudo vindo da descendente de uma sobrevivente viva do holocausto.
Um livro diferente que vale a pena ler.
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