Depois de ter gostado tanto de Canção doce (Prémio Goncourt 2016), não poderia deixar de trazer da feira este No jardim do ogre, de Leila Slimani. Este foi o primeiro livro da franco-marroquina, e é bastante diferente do outro. Enquanto Canção doce tem laivos de thriller, No jardim do ogre apresenta-nos Adéle, uma mulher aparentemente banal mas que não consegue viver sem sexo compulsivo.
Casada e com um filho, Adéle só se sente completa nas relações de ocasião que tem, algumas mesmo violentas, mas que se esvaem às vezes horas ou minutos depois. Se por um lado não resiste a um homem, seja ele quase como for, por outro gosta de passar despercebida e chega a demonstrar medo de andar sozinha à noite na rua, com medo de violadores.
Apesar de se libertar em cada encontro que tem, pouco depois Adéle sente-se extremamente vazia, tentando mesmo ter uma vida «normal» mas não o conseguindo. É como algo que a puxa e que não tem força para contrariar. A história de uma ninfomaníaca em constante sofrimento.
Apesar da linguagem crua usada por Slimani, não se trata de literatura erótica, mas antes de um relato sobre uma mulher presa nas suas próprias compulsões. Relato esse que se lê também compulsivamente.
Muito boa esta escritora, espero que a Alfaguara continue a investir na tradução dos seus livros.
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