Gostei deste livro, mas não tanto quanto dos outros dois que tinha lido de David Machado, Índice médio de felicidade e Deixem falar as pedras. Talvez porque, estando o livro dividido em três partes, não tenha gostado muito da primeira, que apesar de tudo é a parte essencial para o resto.
Na primeira parte acompanhamos Júlia, uma jovem no final da adolescência marcada por agressões físicas que sofrera um ano antes. Numa tentativa de tentar fugir de si própria, Júlia pega numa criança vizinha, oriunda de um ambiente familiar violento, e leva-a consigo para um local onde, com outros, recorre a drogas para se alhear. Cansei-me bastante desta visão quase desfocada da realidade, apesar de estar bem feita.
Na segunda parte o narrador muda para um homem mais velho que hospeda na sua casa uma jovem, que pode ser Júlia ou não, por quem acaba por se apaixonar sobretudo depois de ler o manuscrito por ela produzido.
Por fim, deparamos com a gravação de uma cassete de um miúdo para si próprio, anos mais tarde, um miúdo que vive com a sua mãe praticamente isolado de tudo e de todos.
As três partes estão muito bem entrecruzadas e têm em comum pessoas em sofrimento, fechadas em si mesmas mas apesar de tudo com alguma vontade de voltar para o mundo.
Gostei, mas houve algo que não me encheu as medidas.
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