O dia 12 de agosto, mais conhecido pelo dia em que começa a greve dos camionistas que mais uma vez lançará o caos no país, aproxima-se rapidamente, e não faltam por aí pessoas com ideias mirabolantes para se safarem com o combustível em falta.
Mas o mais fantástico é que veio da televisão a sugestão mais irresponsável que ouvi até agora. Propõem os média que as pessoas se abasteçam previamente de combustível em jerrycans e que o reservem até precisarem dele. Espero, sinceramente, que a população seja sensata e não o faça. Terá toda a gente consciência do que é ter gasolina ou gasóleo em casa ou numa garagem? No que pode acontecer se houver um azar? E que nenhum seguro cobrirá danos causados por tais causas?
Não haverá soluções perfeitas (a não ser, claro, os senhores camionistas ganharem um pouco de bom senso e abrirem mão de demasiada ambição), mas o melhor, a meu ver, é ir mantendo os depósitos cheios desde cedo, repondo regularmente até não ser mais possível, quando começarem as filas. E, depois, ser poupado nas deslocações. Ah, e ter também à mão a lista das bombas «de serviço», não vá haver uma emergência.
É o que farei. Não sem alguma angústia, claro.
PS: Just in case, ter também em casa alguns itens não perecíveis, para 3 ou 4 dias, deixando alguma coisa nos supermercados para chegar para todos.
31 de julho de 2019
30 de julho de 2019
Um inverno, sete sepulturas, de Christoffer Petersen
Chegou a vez da Gronelândia como cenário de um policial nórdico. Paisagens desoladoras, capazes de nos fazer frio até enrolados no melhor edredão do mundo, imaginando águas geladas e grandes icebergues a passar em frente à janela.
Este é um dos tipos de policiais de que mais gosto, os que juntam a parte do crime propriamente dito à contextualização sociológica onde o mesmo decorre. O autor, Christoffer Petersen, viveu sete anos na Gronelândia, onde se imbuiu de toda a sua cultura, hábitos e preocupações, e isso é visível no livro.
A história tem como protagonista o ex-polícia David Maratse que, lesionado e reformado, escolhe a pequena vila de Inussuk para viver, caçando, pescando e observando os icebergues. Logo à sua chegada, numa saída de barco, encontra um cadáver na água, que se vem a saber ser da filha da primeira-ministra gronelandesa. E a história desenvolve-se a partir daqui. Mas, como já disse, o que a torna mais interessante é o que a rodeia: o que é ser ou não ser gronelandês, a luta por uma identidade de uma região que pertence à Dinamarca.
Vale a pena experimentar. Eu fiquei com curiosidade de ler os próximos.
Este é um dos tipos de policiais de que mais gosto, os que juntam a parte do crime propriamente dito à contextualização sociológica onde o mesmo decorre. O autor, Christoffer Petersen, viveu sete anos na Gronelândia, onde se imbuiu de toda a sua cultura, hábitos e preocupações, e isso é visível no livro.
A história tem como protagonista o ex-polícia David Maratse que, lesionado e reformado, escolhe a pequena vila de Inussuk para viver, caçando, pescando e observando os icebergues. Logo à sua chegada, numa saída de barco, encontra um cadáver na água, que se vem a saber ser da filha da primeira-ministra gronelandesa. E a história desenvolve-se a partir daqui. Mas, como já disse, o que a torna mais interessante é o que a rodeia: o que é ser ou não ser gronelandês, a luta por uma identidade de uma região que pertence à Dinamarca.
Vale a pena experimentar. Eu fiquei com curiosidade de ler os próximos.
26 de julho de 2019
24 de julho de 2019
Theft by finding - Diaries 1977-2002, David Sedaris
David Sedaris é, a meu ver, um dos maiores humoristas da atualidade. Através da sua extraordinária capacidade de observação, consegue construir histórias absolutamente hilariantes que achamos que só poderiam ser inventadas... mas não são.
Neste «Theft by finding», que significa o contrário de «achado não é roubado», Sedaris aproveita tudo aquilo com que se depara para narrar episódios que só podiam ter sucedido com ele ou através dos olhos dele. O período temporal é longo, 25 anos da sua vida, passando por Raleigh, Nova Iorque, Paris e Londres e abarcando desde a idade do jovem adulto, dependente de estupefacientes, álcool e incapaz de manter um emprego estável, até se tornar conhecido pelas rábulas e textos que foi construindo.
Faz muito sentido ler estes diários, sobretudo se se conhecer alguns dos seus livros de crónicas. Mal posso esperar pelo segundo volume.
Neste «Theft by finding», que significa o contrário de «achado não é roubado», Sedaris aproveita tudo aquilo com que se depara para narrar episódios que só podiam ter sucedido com ele ou através dos olhos dele. O período temporal é longo, 25 anos da sua vida, passando por Raleigh, Nova Iorque, Paris e Londres e abarcando desde a idade do jovem adulto, dependente de estupefacientes, álcool e incapaz de manter um emprego estável, até se tornar conhecido pelas rábulas e textos que foi construindo.
Faz muito sentido ler estes diários, sobretudo se se conhecer alguns dos seus livros de crónicas. Mal posso esperar pelo segundo volume.
19 de julho de 2019
Portugal insólito: barragem de Varosa
O nosso país não para de me surpreender. Desta vez foram as imagens da escadaria da barragem de Varosa, em Lamego, uma serpente que desce a pique 76 metros do cimo da barragem até ao terreno natural. Infelizmente, não consegui descobrir em lugar algum quantos degraus são.
16 de julho de 2019
As minhas filhas são info-excluídas
Não se ofenda quem pensar ou fizer o contrário de mim, mas tenho de partilhar aqui o que penso sobre o assunto. A Luísa e a Maria são info-excluídas. Com 3 anos, até hoje nem um minuto estiveram com o meu telemóvel ou com o meu tablet nas mãos, mesmo que a ver filmes de desenhos animados, jogar jogos difáticos, o que seja. Nem um minuto.
Como raramente me veem com tecnologias nas mãos, acabam por não querer imitar, e como nunca lhes mostrei o que está lá dentro não podem querer aquilo que não sabem que existe. Elas fazem brincadeiras interativas, mas com livros, elas praticam atividades de role-play, mas com os seus bonecos, elas aprendem as cores e algumas letras e números, mas com peças de madeira e associando-as aos nomes de pessoas e animais que conhecem.
Não sabem contar até 50, não conhecem a Masha, a Peppa ou o Noddy. Mas procuram as letras que conhecem quando andam pela rua, gostam de andar de triciclo e de escorregar no parque infantil de cabeça para baixo. Jogam à bola e gostam que eu lhes faça bolhas de sabão. Às vezes sentam-se ao pé de mim na cozinha enquanto preparo o jantar. Para a mesa não levam brinquedos e se quiserem entreter-se é a conversar. Televisão, talvez vejam umas duas horas por semana ao todo.
Se sou melhor mãe assim? Não faço a menor ideia. Se as estou a privar de algo a que a maioria tem acesso? Talvez, mas tudo virá a seu tempo. E se um macaco aprende a navegar num telemóvel, elas também o aprenderão num ápice. Quando disso precisarem.
Como raramente me veem com tecnologias nas mãos, acabam por não querer imitar, e como nunca lhes mostrei o que está lá dentro não podem querer aquilo que não sabem que existe. Elas fazem brincadeiras interativas, mas com livros, elas praticam atividades de role-play, mas com os seus bonecos, elas aprendem as cores e algumas letras e números, mas com peças de madeira e associando-as aos nomes de pessoas e animais que conhecem.
Não sabem contar até 50, não conhecem a Masha, a Peppa ou o Noddy. Mas procuram as letras que conhecem quando andam pela rua, gostam de andar de triciclo e de escorregar no parque infantil de cabeça para baixo. Jogam à bola e gostam que eu lhes faça bolhas de sabão. Às vezes sentam-se ao pé de mim na cozinha enquanto preparo o jantar. Para a mesa não levam brinquedos e se quiserem entreter-se é a conversar. Televisão, talvez vejam umas duas horas por semana ao todo.
Se sou melhor mãe assim? Não faço a menor ideia. Se as estou a privar de algo a que a maioria tem acesso? Talvez, mas tudo virá a seu tempo. E se um macaco aprende a navegar num telemóvel, elas também o aprenderão num ápice. Quando disso precisarem.
15 de julho de 2019
Nascer em Portugal
Mais um estudo muito interessante e super completo levado a cabo pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e pelo Instituto Nacional de Estatística. Desta vez, sobre a fecundidade e natalidade em Portugal. Textos, infografias e vídeos sobre a decisão de ter ou não ter filhos e quantos, o adiamento devido ao estudo, à carreira e à vida financeira, a idade da maternidade...
Podem ver tudo aqui, são umas horas para explorar tudo muito bem empregues.
Podem ver tudo aqui, são umas horas para explorar tudo muito bem empregues.
12 de julho de 2019
Desdramatizando a renovação do Cartão de Cidadão
O meu Cartão de Cidadão caducava daqui a uns dias, e em maio recebi um sms alertando para o facto e aconselhando a fazer um agendamento. Assim o fiz, ainda em maio, só conseguindo vaga para dia 12 de agosto. Surreal, portanto.
Mas há duas semanas falaram-me da hipótese de o fazer online, só tendo de ir ao serviço de registos para o levantar. Pedi-o há duas semanas, esta semana recebi o aviso e hoje, em não mais de 5 minutos, fui levantá-lo calmamente.
A única condição para poder renová-lo desta forma é a não alteração dos dados visíveis no cartão, como a fotografia, a assinatura ou o apelido. Podem fazer tudo aqui, sem stresse nem filas de espera. Vale a pena.
Mas há duas semanas falaram-me da hipótese de o fazer online, só tendo de ir ao serviço de registos para o levantar. Pedi-o há duas semanas, esta semana recebi o aviso e hoje, em não mais de 5 minutos, fui levantá-lo calmamente.
A única condição para poder renová-lo desta forma é a não alteração dos dados visíveis no cartão, como a fotografia, a assinatura ou o apelido. Podem fazer tudo aqui, sem stresse nem filas de espera. Vale a pena.
11 de julho de 2019
Velas, apenas velas!
10 de julho de 2019
Somos o que comemos
Muito interessante este estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre os hábitos alimentares dos portugueses, avaliando desde o que comem até ao que deveriam comer. Aconselho a leitura dos dados na íntegra aqui, mas partilhos já alguns.
9 de julho de 2019
Os enamoramentos, de Javier Marías
É sempre um prazer descobrir autores que, já sendo consagrados, são novos para nós. Aconteceu-me com Javier Marías através deste livro, que adorei.
Num café no centro de Madrid, uma mulher, Maria, toma o pequeno-almoço todos os dias, cruzando-se quase sempre com um casal que ela considera perfeito. Nos dias em que não os vê parece que não fica com tanta energia, são como um bálsamo para o seu estado de espírito.
Mas a certa altura deixa de os ver, acabando por saber que ele fora assassinado por um mendigo e de que ela ficara viúva com os filhos. Consegue, a certa altura, chegar à fala com ela, através de quem conhece Javier, um amigo da família com quem acaba por se envolver numa relação quase unilateral.
Um dia, em casa de Javier, ouve escondida uma conversa inesperada entre ele e uma visita, conversa essa que lhe muda completamente a perspetiva sobre ele. Mas a perspetiva vai voltar a mudar, revelando uma história de que nenhum leitor está à espera.
É um livro denso, narrado por Maria e contendo muitas reflexões , mas ao mesmo tempo fluido quando nos embrenhamos na sua pele. Excelente, com a vantagem de me ter aberto as portas para uma data de outros livros que já cá estão publicados.
Num café no centro de Madrid, uma mulher, Maria, toma o pequeno-almoço todos os dias, cruzando-se quase sempre com um casal que ela considera perfeito. Nos dias em que não os vê parece que não fica com tanta energia, são como um bálsamo para o seu estado de espírito.
Mas a certa altura deixa de os ver, acabando por saber que ele fora assassinado por um mendigo e de que ela ficara viúva com os filhos. Consegue, a certa altura, chegar à fala com ela, através de quem conhece Javier, um amigo da família com quem acaba por se envolver numa relação quase unilateral.
Um dia, em casa de Javier, ouve escondida uma conversa inesperada entre ele e uma visita, conversa essa que lhe muda completamente a perspetiva sobre ele. Mas a perspetiva vai voltar a mudar, revelando uma história de que nenhum leitor está à espera.
É um livro denso, narrado por Maria e contendo muitas reflexões , mas ao mesmo tempo fluido quando nos embrenhamos na sua pele. Excelente, com a vantagem de me ter aberto as portas para uma data de outros livros que já cá estão publicados.
5 de julho de 2019
Pixie and Brutus
Pixie é um gatinho inocente, para cuja casa vai viver um pastor-alemão vindo dos serviços do exército. Não têm alternativa se não tornarem-se nos melhores amigos.
4 de julho de 2019
3 de julho de 2019
Um dia na vida de Ivan Deníssovitch, de Aleksandr Soljenítsin
O autor do nome impronunciável mais uma vez não me desiludiu. Consegue que um único dia na vida de um prisioneiro num gulag seja assunto para cento e muitas páginas, sem ser nem um bocadinho aborrecido.
A miséria do campo entranha-se-nos na pele, com o frio de enregelar, a fome constante, o cansaço extremo. Desde o momento em que acorda às 5 da manhã na sua cama com colchão de serradura até ao momento em que se volta a deitar, acompanhamos Chukóv em toda a sua rotina.
As chamadas de centenas de prisioneiros ao frio, a demanda pelo pequeno-almoço, a tentativa constante de se aquecer, a ida para o trabalho como pedreiro, a jornada levada a cabo, apesar de tudo, com energia, o regresso e a loucura que é conseguir uma sopa aguada no refeitório. Mas Chukóv não é um lamuriador, mas antes alguém que vai tentando arranjar esquemas de sobrevivência, desde conseguir mais uma dose de pão até ter pequenas ferramentas escondidas que lhe facilitam a vida.
No final do dia, e já com 10 anos de campo em cima, adormece com a sensação de que até não foi um dia mau. Como todos os outros, aliás. É «só» uma questão de habituação.
A miséria do campo entranha-se-nos na pele, com o frio de enregelar, a fome constante, o cansaço extremo. Desde o momento em que acorda às 5 da manhã na sua cama com colchão de serradura até ao momento em que se volta a deitar, acompanhamos Chukóv em toda a sua rotina.
As chamadas de centenas de prisioneiros ao frio, a demanda pelo pequeno-almoço, a tentativa constante de se aquecer, a ida para o trabalho como pedreiro, a jornada levada a cabo, apesar de tudo, com energia, o regresso e a loucura que é conseguir uma sopa aguada no refeitório. Mas Chukóv não é um lamuriador, mas antes alguém que vai tentando arranjar esquemas de sobrevivência, desde conseguir mais uma dose de pão até ter pequenas ferramentas escondidas que lhe facilitam a vida.
No final do dia, e já com 10 anos de campo em cima, adormece com a sensação de que até não foi um dia mau. Como todos os outros, aliás. É «só» uma questão de habituação.
2 de julho de 2019
Corridas de animais
Até que enfim! Está aberto na Assembleia da República o debate sobre as corridas de animais, nomeadamente de cães e de galos. O PAN já vinha há algum tempo a dar sinais de querer levar o assunto ao Parlamento, mas o caso da corrida de galgos em Vila do Conde foi a gota de água. Após muita pressão nas redes sociais, a Cruz Vermelha retirou o seu apoio à corrida, que vai ser cancelada.
Os animais envolvidos nesta atividade são sujeitos a treinos extremamente violentos e, muitas vezes, dopados para obterem melhores performances. Quando deixam de ter préstimo, são abatidos ou abandonados. Acabem com isto.
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