Há uns 42 anos:
A minha Mãe: Rita, vai ao quarto buscar uma fralda para eu mudar a Inês.
(Eu vou, e regresso com uma data delas.)
A minha Mãe: Querida, porque é que trouxeste tantas?
Eu: Para ficar já despachada.
Hoje, por telefone:
A Luísa (ao meio-dia): Quero vestir já o pijama.
Eu: Amor, mas para quê? Ainda é muito cedo.
A Luísa: para ficar já despachada.
31 de março de 2020
18 de março de 2020
Adiar a vida
Adiamos idas ao médico.
Adiamos idas ao parque.
Adiamos passeios a pé ou de bicicleta.
Adiamos comemorações de aniversário.
Adiamos o conforto na morte.
Adiamos dias comemorativos.
Adiamos jantar com os amigos ou com a família.
Adiamos exames importantes.
Adiamos a ida para o trabalho.
Adiamos um café na esplanada.
Adiamos visitas aos idosos ou aos doentes.
Adiamos viagens marcadas há meses.
Adiamos uma dor de dentes.
Adiamos idas ao cinema, ao teatro ou a um concerto.
Adiamos conduzir só porque nos apetece.
Adiamos a aprendizagem nas escolas.
Adiamos intervenções cirúrgicas.
Adiamos ir dançar.
Adiamos prazos de tarefas.
Adiamos casamentos.
Adiamos reuniões.
Adiamos ver os nossos pais e avós.
E, sobretudo, adiamos beijos, abraços e carícias. Aquilo que mais nos humaniza.
Que isto passe depressa.
Adiamos idas ao parque.
Adiamos passeios a pé ou de bicicleta.
Adiamos comemorações de aniversário.
Adiamos o conforto na morte.
Adiamos dias comemorativos.
Adiamos jantar com os amigos ou com a família.
Adiamos exames importantes.
Adiamos a ida para o trabalho.
Adiamos um café na esplanada.
Adiamos visitas aos idosos ou aos doentes.
Adiamos viagens marcadas há meses.
Adiamos uma dor de dentes.
Adiamos idas ao cinema, ao teatro ou a um concerto.
Adiamos conduzir só porque nos apetece.
Adiamos a aprendizagem nas escolas.
Adiamos intervenções cirúrgicas.
Adiamos ir dançar.
Adiamos prazos de tarefas.
Adiamos casamentos.
Adiamos reuniões.
Adiamos ver os nossos pais e avós.
E, sobretudo, adiamos beijos, abraços e carícias. Aquilo que mais nos humaniza.
Que isto passe depressa.
15 de março de 2020
A minha Babá faria hoje 96 anos
A minha Babá, Avó materna que nunca quis que lhe chamássemos avó mas que foi a melhor avó que se pode ter, nasceu a 15 de março de 1924 e deixou-nos a 30 de setembro de 1997, com apenas 73 anos.
Era uma pessoa rígida e simultaneamente afetuosa, muito ligada a nós mas pronta a libertar-nos se fosse para o nosso bem, culta e poliglota porque era tradutora mas ao mesmo tempo a adorar ver telenovelas e concursos de televisão.
Foi ela que me iniciou no inglês e no francês, e foi com ela e com o meu Avô que visitei os primeiros museus da minha vida.
Não se considerava bonita, mas eu acho que era muito. E adorava receber festinhas dela na cabeça quando víamos televisão. Todos os dias penso nela, e não tenho qualquer dúvida de que é um dos meus anjos da guarda.
11 de março de 2020
8 dicas para sermos melhores pais (e evitarmos conflitos desnecessários)
1. Distraí-los durante uma birra - focar a atenção para algo tão simples como a cor da roupa pode acabar com as lágrimas num ápice. Ainda não me tinha lembrado desta!
4. Dizer-lhes «obrigada» e «desculpa» - mais uma vez, dar o exemplo, até nas mais pequenas coisas e nas mais pequenas tarefas. Faço sempre isto, seja por arrumarem os brinquedos, apanharem uma coisa do chão ou por ter gritado com elas.
5. Dar-lhes legumes e fruta antes da refeição - para o caso de serem avessos aos frescos, oferecer-lhos quando ainda estão com fome. Não o faço por não ser necessário. A fruta, adoram!
6. Fazer alternância de dias quando há vários filhos - argumentos como ser o mais novo ou o mais velho não são os mais justos. No meu caso, como são as duas da mesma idade, praticamos a alternância sempre, até para o dia em que cada uma escolhe a história para ouvir à noite.
7. Dar-lhes escolhas concretas - isto é, em vez de os deixar escolher totalmente à vontade, dar-lhes duas ou três hipóteses concretas. Eles ficam na mesma com a sensação de que escolhem, mas é uma escolha controlada. Lá em casa, por enquanto, estas escolhas só se fazem nos acessórios, pois no vestuário ainda sou uma ditadora.
8. Deixá-los verem-nos a «adormecer» - mandar para a cama quando estamos a ver televisão ou no telemóvel pode parecer-lhes um contrasenso. Ultimamente, tenho argumentado que me vou deitar logo a seguir, baixo as luzes e faço silêncio nos primeiros momentos*.
*E mais uma coisa de que falarei daqui a uns tempos.
Nota: Ideias retiradas daqui.
2. Não lhes dizer quanto tempo falta para terminar uma diversão - a noção de tempo ainda é muito abstrata, é preferível colocar limites com unidades contáveis. Faço sempre isto, até porque elas não fazem ideia do que seja um minuto.
3. Limpar primeiro a nossa cara, depois a deles - dar o exemplo é sempre a melhor estratégia. Vale também para outras coisas que não gostem de fazer, como lavar os dentes, por exemplo. Também ainda não me tinha lembrado disto.
4. Dizer-lhes «obrigada» e «desculpa» - mais uma vez, dar o exemplo, até nas mais pequenas coisas e nas mais pequenas tarefas. Faço sempre isto, seja por arrumarem os brinquedos, apanharem uma coisa do chão ou por ter gritado com elas.
5. Dar-lhes legumes e fruta antes da refeição - para o caso de serem avessos aos frescos, oferecer-lhos quando ainda estão com fome. Não o faço por não ser necessário. A fruta, adoram!
6. Fazer alternância de dias quando há vários filhos - argumentos como ser o mais novo ou o mais velho não são os mais justos. No meu caso, como são as duas da mesma idade, praticamos a alternância sempre, até para o dia em que cada uma escolhe a história para ouvir à noite.
7. Dar-lhes escolhas concretas - isto é, em vez de os deixar escolher totalmente à vontade, dar-lhes duas ou três hipóteses concretas. Eles ficam na mesma com a sensação de que escolhem, mas é uma escolha controlada. Lá em casa, por enquanto, estas escolhas só se fazem nos acessórios, pois no vestuário ainda sou uma ditadora.
8. Deixá-los verem-nos a «adormecer» - mandar para a cama quando estamos a ver televisão ou no telemóvel pode parecer-lhes um contrasenso. Ultimamente, tenho argumentado que me vou deitar logo a seguir, baixo as luzes e faço silêncio nos primeiros momentos*.
*E mais uma coisa de que falarei daqui a uns tempos.
Nota: Ideias retiradas daqui.
10 de março de 2020
O coronavírus, pelo matemático Jorge Buescu
(Editado, com os meus cortes e acrescentos entre parênteses retos e a bold.)
«Evitei até hoje pronunciar-me sobre este assunto; mas
chegados à situação actual, acho que é
uma questão de serviço cívico enquanto matemático.
Este gráfico [...], que consta de um site de Johns Hopkins
que acompanha a situação do coronavirus em tempo real [...], compara o número de infecções por
coronavírus na China (laranja) e resto do Mundo (amarelo) com os casos de
recuperação. À data de hoje (1/3/2020) há 42.600 recuperados, de um total de
87.000 casos identificados. Devemos ficar preocupados? Não, pelo contrário.
Devemos ficar muito tranquilizados. Note-se que a curva dos recuperados
acompanha perfeitamente a das infecções, com um tempo de latência de 3-4
semanas. O número de recuperados hoje, 1/3/2020, é igual ao total de infectados
em todo o Mundo em 10/2/2020. A taxa de recuperação para os casos de infecção
registados em Fevereiro é superior a 99%.
Para ganhar sensibilidade para a evolução da doença,
transcrevo os números em bruto. I é o número de infectados, R de recuperados.
22 Jan: I = 547, R=28
29 Jan: I = 7.700, R=133
5 Fev: I= 20.000, R= 1.100
12 Fev: I=50.200, R= 5.200
19 Fev: I=75.700, R= 16.100
26 Fev: I=81.000, R= 30.400
1 Mar: I=87.000, R=42.600
[10 Mar: I= 114.544, R=64.034]
Ou seja, em Janeiro quase não havia recuperados; hoje
mais de metade do total de infectados já recuperou. Num mês, o número de
recuperados cresceu por um factor de 300. Curiosamente, nunca vi estes números
referidos na imprensa, mais preocupada com visões do apocalipse.
Estamos pois a braços de uma virose essencialmente inócua
(mais pormenores abaixo), com um período de recuperação de 3-4 semanas, após o
qual, de acordo com os melhores números actuais, 99,3% dos infectados recuperam
sem complicações.
Do ponto de vista da saúde pública, a questão colocada
pelo nCOVID-19 é apenas a sua elevadíssima taxa de contágio. A OMS estima um
valor de R_0, grandeza que nos modelos matemáticos SIR
(Susceptíveis-Infectados-Recuperados) determina a taxa de propagação
exponencial, de 2,3. Para comparação, a gripe sazonal tem R_0=1.3,
propagando-se de forma muito mais lenta. [...]
Por outro lado, os números mostram que se trata de uma
virose essencialmente inócua: o período de recuperação é de 3-4 semanas, após o
qual 99,3% dos infectados estão recuperados. A estimativa actual da OMS para a
taxa de mortalidade para casos surgidos depois de 1 de Fevereiro, portanto
depois do surto inicial, é actualmente de 0,7%. Esta é mais baixa do que a da gripe sazonal,
que é de 1%. Como termo de comparação, o vírus Ébola tem uma taxa de
mortalidade próxima dos 50%.
A virose em si não é complicada; um dos maiores
virologistas espanhóis e Presidente da Sociedade Espanhola de Virologia, José
Antonio Lopez Guerrero, descreve-o como “mais do que um catarro, menos do que uma gripe”. 80% dos casos são assintomáticos ou têm sintomas muito leves.
Apenas em 5% dos casos existem complicações graves, na sua grande maioria em
grupos de risco: por exemplo, pessoas com bronquites crónicas, DPOC ou sistema
imunitário estruturalmente enfraquecido como doentes oncológicos. São essas
pessoas que podem estar em perigo – tal como estariam, com o mesmo nível de
risco, se contraíssem uma gripe comum.
O coronavírus já está em Portugal, isso é uma
inevitabilidade cósmica. Isso é preocupante? Não particularmente, a menos que
se pertença ou se esteja em contacto próximo com um grupo de risco. Como
descrevi acima, ele é menos perigoso do que uma gripe. Mas, tal como alguém com
uma gripe toma precauções para não a passar, também aqui essas precauções devem
ser tomadas, de forma mais drástica divido à altíssima taxa de contágio.
Se o coronavírus servir para implantar socialmente
comportamentos como lavar mãos frequentemente ou não espirrar para o ar, tanto
melhor. Podemos ter de cancelar algumas viagens de avião, como aconteceu
comigo, mas vamos viver a vida normalmente. De resto, não há qualquer motivo
para pânico ou sentimentos de apocalipse, apesar da desinformação constante e
do alarmismo mediático a que assistimos diariamente – esse sim, o mais perigoso
vírus de toda esta história.»
6 de março de 2020
Coisas de meninas
Sempre disse que evitaria ao máximo que as minhas filhas se agarrassem ao cor-de-rosa, e aos brilhantes e pirosadas do género. Que fossem como eu, no fundo. Mas elas são crianças, e há coisas que não conseguimos contornar.
Hoje, tinha esta surpresa na secretária, coisinhas de menina trazidas por um colega. Batons, vernizes e sombras para crianças, bolsinhas. Os vernizes e as sombras vou tentar guardar para bem mais tarde, mas os batons sei que vão adorar, até porque me veem a pôr batom todos os dias e estes não têm praticamente cor.
Desde que sou Mãe que tenho engolido muitas das coisas que dizia.
Hoje, tinha esta surpresa na secretária, coisinhas de menina trazidas por um colega. Batons, vernizes e sombras para crianças, bolsinhas. Os vernizes e as sombras vou tentar guardar para bem mais tarde, mas os batons sei que vão adorar, até porque me veem a pôr batom todos os dias e estes não têm praticamente cor.
Desde que sou Mãe que tenho engolido muitas das coisas que dizia.
4 de março de 2020
Marcar férias
Hoje em dia marcar férias para agosto é uma verdadeira dor de cabeça, sobretudo com duas crianças que exigem que seja um apartamento com dois quartos, que haja uma piscina para se entreterem de manhã e que a praia seja perto.
Se calhar é pedir muito, mas a verdade é que já perdi a conta às horas que gastei a fazer pesquisas, quase todas a devolverem-me resultados que exigem o pagamento de entre dois e três mil euros por apenas sete noites. Finalmente, lá consegui, prescindindo da praia walking distance.
Marcar férias em agosto no Algarve é bem mais difícil do que marcar uma semana em Nova Iorque. Já contando com os voos e o hotel.
Se calhar é pedir muito, mas a verdade é que já perdi a conta às horas que gastei a fazer pesquisas, quase todas a devolverem-me resultados que exigem o pagamento de entre dois e três mil euros por apenas sete noites. Finalmente, lá consegui, prescindindo da praia walking distance.
Marcar férias em agosto no Algarve é bem mais difícil do que marcar uma semana em Nova Iorque. Já contando com os voos e o hotel.
Subscrever:
Mensagens (Atom)