Há dias decidi ir rever um remake de um filme da minha adolescência, e que tinha adorado: Pet Sematery, baseado num livro de Stephen King. Na época adorava filmes de terror, e este foi um dos que ficou na minha memória. A história anda à volta de um terreno onde os seres vivos que são enterrados regressam, mas já não os mesmos. Aparência normal, mas o interior muito mau. E lá estive a ver tudo calmamente, inclusive a morte e o regresso de um gato que volta com mais arranhadelas e rosnadelas do que um gato normal.
Mas quando uma criança morre atropelada e o pai vai durante a noite ao cemitério buscá-la para a enterrar no dito Pet Sematery cheguei ao meu limite, e comecei inclusive a ficar enjoada. Pela segunda ou terceira vez na vida, no máximo, tive de sair a meio.
Talvez seja por agora ser mãe de duas meninas e não ter suportado ver aquela no caixão, associado a saber no que se transformaria a seguir, talvez por ter pavor de atropelamentos e acidentes rodoviários. A verdade é que não aguentei.
Durante uns bons tempos, filmes de terror para mim não.
30 de abril de 2019
29 de abril de 2019
O colecionador, de John Fowles
É impressionante como dois livros que partem do mesmo tema, o sequestro de alguém para ficar em cativeiro, se podem tornar em algo tão bom ou em algo tão mau. Estocolmo, detestei. O colecionador, adorei.
Frederick/Ferdinand é um homem simples, funcionário público solitário e colecionador de borboletas, que cria uma obsessão pela jovem estudante Miranda. Quando um dia enriquece graças a uma lotaria desportiva, compra uma casa e nela prepara uma cave onde aprisionará Miranda depois de a raptar.
Na primeira parte do livro Ferdinand é o narrador e acompanhamos a sua obsessão, a concretização do rapto e a sua relação com a sequestrada, que não vai além de lhe proporcionar tudo o que deseja exceto a liberdade.
A segunda parte é o diário de Miranda enquanto está presa onde, além de registar a sua perplexidade perante um sequestrador que sexualmente não quer nada dela, divaga sobre um artista mais velho que admira (Miranda é estudante de Arte) e engendra formas de fuga.
Na terceira parte do livro voltamos a Ferdinand e percebemos como tudo acabou, criando em nós uma ansiedade crescente e uma enorme vontade de o abanar. Por último, uma quarta parte deixa-nos antever o futuro, que não nos deixa tranquilos.
Excelente, este livro, e uma pena já não estar editado em Portugal (em tempos fez parte da coleção Caminho Policial).
Frederick/Ferdinand é um homem simples, funcionário público solitário e colecionador de borboletas, que cria uma obsessão pela jovem estudante Miranda. Quando um dia enriquece graças a uma lotaria desportiva, compra uma casa e nela prepara uma cave onde aprisionará Miranda depois de a raptar.
Na primeira parte do livro Ferdinand é o narrador e acompanhamos a sua obsessão, a concretização do rapto e a sua relação com a sequestrada, que não vai além de lhe proporcionar tudo o que deseja exceto a liberdade.
A segunda parte é o diário de Miranda enquanto está presa onde, além de registar a sua perplexidade perante um sequestrador que sexualmente não quer nada dela, divaga sobre um artista mais velho que admira (Miranda é estudante de Arte) e engendra formas de fuga.
Na terceira parte do livro voltamos a Ferdinand e percebemos como tudo acabou, criando em nós uma ansiedade crescente e uma enorme vontade de o abanar. Por último, uma quarta parte deixa-nos antever o futuro, que não nos deixa tranquilos.
Excelente, este livro, e uma pena já não estar editado em Portugal (em tempos fez parte da coleção Caminho Policial).
23 de abril de 2019
Balanço: «Não comas tantos chocolates, que te fazem mal à barriga...»
Mas eu comi. Desde quinta-feira que não parei de enfardar porcarias: ovos de chocolate, bombons, coelhos, além de comida italiana, vinho, gelados... uma festa! Mas que terminou mal, comigo no domingo à noite com uma indisposição tal que não se podia, com a agravante de ter de tratar das miúdas que precisavam de toda a minha atenção (e que graças a mim foram muito mais comedidas nas guloseimas que comeram). Foi a tal ponto que ontem nem consegui ir trabalhar.
Conclusão: Faz o que eu digo, não faças o que eu faço.
17 de abril de 2019
Estocolmo, de Sérgio Godinho
Não tinha lido o anterior livro de Sérgio Godinho e certamente não vou lê-lo, pois não gostei nada deste. A história é conhecida, uma mulher de quarenta anos que aprisiona em sua casa um jovem de vinte anos por quem desenvolve uma obsessão sexual. E vice-versa.
Toda a história é inverosímil. Em primeiro lugar, há indícios por todo o lado de tudo o que vai acontecendo. Vicente está preso no sótão, mas é o sótão de um prédio, o que significa que qualquer pessoa o ouviria se pedisse ajuda a sério (até porque Diana tem uma empregada que o ouviria perfeitamente). Depois, qualquer golpe de mais força o tiraria dali e não seria o cinturão negro de judo que Diana afirma ter que o impediria de fugir. E há tantas outras coisas absolutamente improváveis, como a relação que mais tarde se cria com a mãe de Diana, sexagenária, a desculpa para a sua ausência do mundo livre após a libertação, o desfecho do livro.
Há sexo, muito, mas um sexo gratuito, que não precisaria de ali estar a cada dezena de páginas ou menos. Há uma impossibilidade de uma série de sirtuações estarem a acontecer. E nem sequer há beleza ou estilo na escrita.
Não gostei mesmo nada.
Toda a história é inverosímil. Em primeiro lugar, há indícios por todo o lado de tudo o que vai acontecendo. Vicente está preso no sótão, mas é o sótão de um prédio, o que significa que qualquer pessoa o ouviria se pedisse ajuda a sério (até porque Diana tem uma empregada que o ouviria perfeitamente). Depois, qualquer golpe de mais força o tiraria dali e não seria o cinturão negro de judo que Diana afirma ter que o impediria de fugir. E há tantas outras coisas absolutamente improváveis, como a relação que mais tarde se cria com a mãe de Diana, sexagenária, a desculpa para a sua ausência do mundo livre após a libertação, o desfecho do livro.
Há sexo, muito, mas um sexo gratuito, que não precisaria de ali estar a cada dezena de páginas ou menos. Há uma impossibilidade de uma série de sirtuações estarem a acontecer. E nem sequer há beleza ou estilo na escrita.
Não gostei mesmo nada.
16 de abril de 2019
Photo Ark: só até 5 de maio
O relógio está a contar e o tempo não para, por isso tentem ainda ir ver esta fabulosa exposição da National Geographic com fotografias de Joel Sartore de animais em cativeiro.
Todas as fotografias foram captadas graças a um enorme trabalho de preparação, com o objetivo de realçar as cores, as formas, os olhares, e de sensibilizar para a necessidade de cada animal ser indispensável para a nossa própria sobrevivência.
As filas para entrar estão a ficar gigantes, por isso tentem ir a uma hora «morta». Eu fui no sábado às 15h e entrei diretamente, mas quando saí pelas 16h30 havia fila para pelo menos uma horita de espera.
15 de abril de 2019
9 de abril de 2019
Debaixo da pele, de David Machado
Gostei deste livro, mas não tanto quanto dos outros dois que tinha lido de David Machado, Índice médio de felicidade e Deixem falar as pedras. Talvez porque, estando o livro dividido em três partes, não tenha gostado muito da primeira, que apesar de tudo é a parte essencial para o resto.
Na primeira parte acompanhamos Júlia, uma jovem no final da adolescência marcada por agressões físicas que sofrera um ano antes. Numa tentativa de tentar fugir de si própria, Júlia pega numa criança vizinha, oriunda de um ambiente familiar violento, e leva-a consigo para um local onde, com outros, recorre a drogas para se alhear. Cansei-me bastante desta visão quase desfocada da realidade, apesar de estar bem feita.
Na segunda parte o narrador muda para um homem mais velho que hospeda na sua casa uma jovem, que pode ser Júlia ou não, por quem acaba por se apaixonar sobretudo depois de ler o manuscrito por ela produzido.
Por fim, deparamos com a gravação de uma cassete de um miúdo para si próprio, anos mais tarde, um miúdo que vive com a sua mãe praticamente isolado de tudo e de todos.
As três partes estão muito bem entrecruzadas e têm em comum pessoas em sofrimento, fechadas em si mesmas mas apesar de tudo com alguma vontade de voltar para o mundo.
Gostei, mas houve algo que não me encheu as medidas.
Na primeira parte acompanhamos Júlia, uma jovem no final da adolescência marcada por agressões físicas que sofrera um ano antes. Numa tentativa de tentar fugir de si própria, Júlia pega numa criança vizinha, oriunda de um ambiente familiar violento, e leva-a consigo para um local onde, com outros, recorre a drogas para se alhear. Cansei-me bastante desta visão quase desfocada da realidade, apesar de estar bem feita.
Na segunda parte o narrador muda para um homem mais velho que hospeda na sua casa uma jovem, que pode ser Júlia ou não, por quem acaba por se apaixonar sobretudo depois de ler o manuscrito por ela produzido.
Por fim, deparamos com a gravação de uma cassete de um miúdo para si próprio, anos mais tarde, um miúdo que vive com a sua mãe praticamente isolado de tudo e de todos.
As três partes estão muito bem entrecruzadas e têm em comum pessoas em sofrimento, fechadas em si mesmas mas apesar de tudo com alguma vontade de voltar para o mundo.
Gostei, mas houve algo que não me encheu as medidas.
8 de abril de 2019
Como comecei a contar todos os cêntimos
Fácil: tive duas filhas de uma só vez, que sustento sozinha.
Ora vejamos: até 2016 tinha o que se pode considerar um bom ordenado para uma só pessoa, que dava para pagar a casa, fazer umas duas viagens por ano, comprar livros e roupa e ainda poupar alguma coisa.
A partir de 2016 vieram as mensalidades da escola, os leites, as fraldas, a roupa que deixa de servir num instante, a alimentação que não é a multiplicar por três mas por dois sem dúvida... Tenho feito as contas, e só em escola e fraldas andava a gastar quase 40% do meu ordenado.
Felizmente as fraldas agora estão a acabar, e só são usadas de noite, e cada vez mais aproveito todas as promoções que apanho para fazer compras: no gasóleo, nos cremes de praia, nas roupas que compro nos saldos de duas estações antes.
Tenho ainda a sorte imensa de conhecer outra mãe de gémeas que tem gostos parecidos com os meus e que compra muita coisa das minhas filhas em segunda mão. Não ganho uma fortuna com essas vendas, mas sempre consigo ir renovando algumas peças delas e fico contente por coisas que elas usaram continuarem a ter utilidade (Roupinhas com história).
Continuarei a tentar fazer uma viagem por ano, daqui a no máximo dois anos mudarei de casa para uma maior onde elas terão mais espaço no interior, e as contas não as deixarei de fazer.
Mas não trocava esta vida por nada.
Ora vejamos: até 2016 tinha o que se pode considerar um bom ordenado para uma só pessoa, que dava para pagar a casa, fazer umas duas viagens por ano, comprar livros e roupa e ainda poupar alguma coisa.
A partir de 2016 vieram as mensalidades da escola, os leites, as fraldas, a roupa que deixa de servir num instante, a alimentação que não é a multiplicar por três mas por dois sem dúvida... Tenho feito as contas, e só em escola e fraldas andava a gastar quase 40% do meu ordenado.
Felizmente as fraldas agora estão a acabar, e só são usadas de noite, e cada vez mais aproveito todas as promoções que apanho para fazer compras: no gasóleo, nos cremes de praia, nas roupas que compro nos saldos de duas estações antes.
Tenho ainda a sorte imensa de conhecer outra mãe de gémeas que tem gostos parecidos com os meus e que compra muita coisa das minhas filhas em segunda mão. Não ganho uma fortuna com essas vendas, mas sempre consigo ir renovando algumas peças delas e fico contente por coisas que elas usaram continuarem a ter utilidade (Roupinhas com história).
Continuarei a tentar fazer uma viagem por ano, daqui a no máximo dois anos mudarei de casa para uma maior onde elas terão mais espaço no interior, e as contas não as deixarei de fazer.
Mas não trocava esta vida por nada.
3 de abril de 2019
2 de abril de 2019
O tempo das crianças, vários
Esta é uma antologia de contos de escritores de renome, todos sobre a infância e tão variados quanto memórias e ficções que passam pela solidão, pelo amor, pela amizade, pelo abuso, pelo isolamento, pela formação da personalidade. Mas estava à espera de mais.
Os de que mais gostei: «Invierno», de Junot Díaz, sobre o desenquadramento de crianças que são forçadas a adaptar-se devido à emigração dos pais; «Clowns in clover», de Nadine Gordimer, sobre a perspetiva das crianças sobre o mundo adulto; «A casa dos animais», de Lídia Jorge, sobre como simples animais mortos podem salvar a vida de uma adolescente; «A minha irmã Cisne», de Katherine Vaz, sobre o amor por uma irmã bebé que não vai durar muito; e «Ilha Teresa» (que depois se transformou todo ele em livro), de Richard Zimler, sobre uma adolescente a ter de lidar com a doença do pai num país em que tudo é novo para ela.
Não posso dizer que os restantes contos sejam maus, porque não o são, mas a verdade é que este livro não me deixou muitas marcas. Mas a culpa também pode ser minha, que raramente preservo na memória livros de contos.
Os de que mais gostei: «Invierno», de Junot Díaz, sobre o desenquadramento de crianças que são forçadas a adaptar-se devido à emigração dos pais; «Clowns in clover», de Nadine Gordimer, sobre a perspetiva das crianças sobre o mundo adulto; «A casa dos animais», de Lídia Jorge, sobre como simples animais mortos podem salvar a vida de uma adolescente; «A minha irmã Cisne», de Katherine Vaz, sobre o amor por uma irmã bebé que não vai durar muito; e «Ilha Teresa» (que depois se transformou todo ele em livro), de Richard Zimler, sobre uma adolescente a ter de lidar com a doença do pai num país em que tudo é novo para ela.
Não posso dizer que os restantes contos sejam maus, porque não o são, mas a verdade é que este livro não me deixou muitas marcas. Mas a culpa também pode ser minha, que raramente preservo na memória livros de contos.
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