29 de março de 2018

A gravitação do amor, de Sara Stridsberg

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Beckomberga era um hospital psiquiátrico nos arredores de Estocolmo, albergando cerca de 2000 doentes em permanência e tendo estado em funcionamento entre 1932 e 1995. É este o principal cenário da história de Jimmie Darling e da sua filha Jackie, que durante anos acompanha o pai no estado depressivo que o atravessa toda a sua vida.

Jimmie é um homem alcoólico, sempre a pensar em pôr fim à vida, que não consegue manter e alimentar os elos de ligação com as mulheres com quem se relaciona e, sobretudo, com filha. Mas esta não desiste dele. Apesar de não o tentar dissuadir de quaisquer atos, está sempre do seu lado, aceitando-o tal como é. Desde adolescente, quando começa a visitar o pai na instituição, até ser mãe, quando o acompanha à distância, Jackie é um paradoxo: apesar de não desistir do pai, não contesta e parece não sofrer com nada do que ele pensa, diz ou faz. Como se lê a dada altura, quando o pai diz para ela não se preocupar com ele: «Mas quem disse que eu estou preocupada?».

É um livro interessante narrado em pequenos pedaços em muitos tempos diferentes e de modo fluido. O ambiente é um pouco opressivo, apesar de a autora conseguir, graças à poesia da sua escrita, aliviar um pouco a tensão. É que a doença mental anda sempre por ali, tendo começado mesmo antes de Jimmie, na pessoa da sua mãe.

27 de março de 2018

Cuidado com pagamentos via falso PayPal

Tenho à venda há umas semanas o primeiro carrinho das bebés, através do OLX. Ontem recebi uma mensagem de uma interessada que, em inglês, queria fazer a compra sem sequer regatear, o que logo à partida seria estranho.

Como o carrinho seria para enviar para o estrangeiro, disse-lhe que a transportadora só o poderia vir buscar quando visse o dinheiro na minha conta, fornecendo-lhe o IBAN. Minutos depois recebo um email do PayPal avisando de um crédito suspenso na minha conta no valor de €850. Como o valor do carrinho era de €600, alertei a «compradora», que me respondeu dizendo que teria de ler as restantes condições do PayPal. Que eram as seguintes:
- enviar €200 via Western Union para pagamento do transporte do carrinho (sendo os €50 de taxas);
- enviar para o PayPal o comprovativo desse envio;
- desbloqueamento dos €850 para a minha conta.

Conslusão: eu enviaria à cabeça €200 pelo transporte de um artigo que nunca seria vendido nem transportado.

Tudo isto com diversos emails da «compradora» e do suposto PayPal, estes últimos na verdade bastante suspeitos depois de lidos com mais atenção.

Vivemos na era do conto do vigário, com a agravante de que antigamente lhes conhecíamos as caras.


26 de março de 2018

Rodrigo Leão até (não) me fartar


Já perdi a conta aos concertos de Rodrigo Leão a que já fui. Instrumentais, só com orquestra, com convidados novos, com convidados já conhecidos, com ou sem imagens a acompanhar. Em todos há um denominador comum: a criatividade e a humildade de Rodrigo Leão. Quase me comove a forma como o músico consegue ficar sempre na retaguarda dando o protagonismo aos outros, mantendo no entanto uma presença incontornável.

Na semana passada, fui ao CCB vê-lo com Scott Matthew, uma das suas descobertas que acabou por se tornar num dos meus favoritos. Sala ótima, acústica excelente, músicos irrepreensíveis e os assistentes de sala a impedir o público de tirar fotografias com os telemóveis, o que é sempre muito incomodativo.

À entrada deram-me um folheto que me obrigou a fazer já um registo na agenda: o concerto O Aniversário dos 25 anos de carreira, agendado o Porto e Lisboa para os dias 8, 9 e 10 de novembro. Pena ser no Coliseu, sala que precisava de uma reformulação profunda a bem da música e de quem gosta dela.

Para quem quiser ir acompanhando este ano de comemorações, estão ainda agendados os seguintes eventos:
- CD duplo OAniversário com temas instrumentais e as colaborações de Rodrigo Leão com outros artistas. Deste CD resultarão os concertos em novembro no Porto e em Lisboa;
- concerto instrumental «O ensaio», em abril em Lisboa e em Braga com o alemão Hauschka;
- concerto «Os portugueses», baseado na banda sonora de Portugal - Um retrato social, em junho no Porto e em Lisboa.

Só mesmo quem não gosta terá uma desculpa para não ir ver.

23 de março de 2018

O luto

Há muitos, muitos anos que não morria alguma pessoa/ser que me fosse muito próxima, talvez por isso já não soubesse bem o que era o luto. Estou agora a revivê-lo da pior forma.

Nos primeiros dois ou três dias depois de a Vespinha ter sido eutanasiada, houve uma espécie de alívio de que quase me envergonho, por já não ter de a massacrar com tantos medicamentos, nem ouvi-la a miar muitas vezes de desepero, impaciência e dor, nem vê-la a tentar aninhar-se com dificuldade para encontrar a posição menos dolorosa possível. Mas agora, com o passar dos dias, sinto a sua ausência quase como uma dor física.

Não a ter à minha espera quando chego a casa ao fim do dia, não a ver a apanhar sol lá fora de olhinhos fechados, não a ver a correr para a minha cama enquanto lavo os dentes, não a ver de manhã a pedir-me o miminho do pátê, não sentir o seu peso ao meu lado por cima da cama, não a ter de afastar quando vinha ao meu prato, não a ver deitadinha de lado a olhar para mim como só ela sabia fazer.

Cada dia está a custar mais. Muito mais.

22 de março de 2018

Filhos da quimio, de Nelson Marques

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E quando uma mulher, grávida, descobre que tem um cancro? Cancro que esse que a pode matar se não fizer tratamentos mas que pode matar o feto se os fizer? Aqui contam-se as histórias de cinco mulheres que quiseram levar as suas gravidezes até ao fim, com uma esperança inabalável que em quase todos os casos as ajudou a vencer.

Quatro delas ainda cá estão para contar a história, histórias de amor mas também de medo, de um medo que nunca as deixará pela vida toda.

É mais um Retrato da Fundação que merece muito a pena ser lido.

20 de março de 2018

À Vespinha

«A um cavalheiro que chorou com a esposa uma pequena perda»


Pasaron por nuestras vidas cautelosos
como quien pisa sobre almohadillas de algodón;
capaces de andar sobre vidrio sin quebrarlo,
de rozar una copa sin derramar una gota siquiera.
Sabios en escoger en verano la sombra más fresca,
en invierno, el calor de nuestros cuerpos dormidos.
Andaban por la casa dejando una estela
de inaprensibles briznas de oro o nácar.
Cuántas veces nos quitaron nuestro sitio,
que era también su lugar favorito,
y nosotros, reyes destronados y enormes,
fuimos a acomodarnos – es un decir – 
en el más incomodo asiento de la casa.
Cuántas veces sosegaron nuestra angustia
con ese rumor que vibra en su garganta.
Les dimos cuanto quisieron;
lo aceptaron ellos
con la majestad de quien nada ha pedido.
Y a veces nos poseía la extrañeza
de haber metido en casa una fiera terrible,
una fiera armada de garras y de dientes
que con lengua de lija peina su seda al sol.
Al fin murieron:
Apenas un suspiro
y quedó de ellos un jirón de piel suave, casi nada,
sigilosos y dignos
en la muerte como en la vida.
Así fueron nuestros gatos
y aún ahora,
muchos meses después,
de vez en cuando,
encontramos
un pelillo de seda en nuestras ropas
                                         Esteban Villegas, Vida cotidiana, 1995

17 de março de 2018

Adeus, Vespinha. Adeus, meu Amor

Vespinha, 2003-2018
Fui buscá-la há 14 anos numa noite de chuva a uma quinta no Carregado. Supostamente, esperava-me uma gatinha arraçada de siamesa, para fazer companhia à TT; na verdade, esperava-me um ser pequenino com pelagem indefinida, os bigodes cortados e o corpo coberto de pulgas. Agarrou-se a mim com tal força que não hesitei em trazê-la comigo.

Nos últimos 14 anos, a Vespinha esteve sempre ao pé de mim com a sua extrema meiguice, nas alegrias e nas tristezas, Numa separação difícil, em situações críticas de saúde, em conflitos familiares. Mas também bem perto da minha barriga na minha gravidez, e depois de as bebés nascerem sempre muito vigilante.

Há cerca de seis meses, os problemas foram-se sucedendo: extrema dificuldade em fazer cocó, problemas nas articulações, insuficiência renal, hipertiroidismo... Nos últimos dias começou a revelar intolerância à medicação, vomitando sangue. Hoje, mal se podia mexer, com dores agudas ao longo de todo o corpo.

Desde que tudo começou que me tinha mentalizado de que nunca lhe prolongaria o sofrimento, e tive de tomar a decisão hoje. Pelas 12h10, dei os meus últimos os beijinhos à Vespinha, a acariciei-lhe o seu pelo ainda macio pela última vez. Não coloquei outra hipótese em cima da mesa, mas a dor que sinto não tem fim, e as lágrimas não param de me cair pela cada abaixo. É que a Vespinha continua por todo o lado.

Adoro-te, minha querida gatinha.

16 de março de 2018

The Magic Yarn Project para fazer fintas ao cancro

O The Magic Yarn Project (tauzido como Projeto Fios Mágicos) foi fundado por Holly Christensen, uma enfermeira americana que, lidando com crianças vítimas de cancro, criou perucas inspiradas em personagens da Disney.

Fabricadas em lã por voluntárias, dão mais alegria às meninas que, tão pequeninas, se veem na iminência de ficar sem cabelo. Rapunzel, Ariel e Elza são algumas das personagens inspiradoras que tornam menos penosos os anos de combate à doença.

Quem quiser ajudar pode fazê-lo através deste fundo: GoFundMe. Parece-me uma boa causa.



A maternidade: a expectativa e a realidade







15 de março de 2018

Esta era a minha Babá


A minha avó materna, responsável por grande parte do que sou hoje. Faria hoje 94 anos... como gostaria que ainda cá estivesse para conhecer as suas bisnetas! Já nos deixou há mais de 20 anos, mas devido a tudo o que nos tem acontecido tenho a certeza de que é uma das nossas estrelinhas.

13 de março de 2018

Os carros e a publicidade

Não sei explicar porquê, mas gosto muito de anúncios a carros. Acho que têm o condão de fazerem quase sempre uma excelente seleção musical associada a boas imagens.

Neste momento, passam na televisão três de que gosto:




12 de março de 2018

Origem, de Dan Brown

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Digam que escreve para as massas, que não tem um estilo próprio, que é sempre mais do mesmo. Digam o que quiserem, que eu continuo a gostar dos livros de Dan Brown como da primeira vez.

Neste Origem, Dan Brown explora duas das questões que todos algum dia nos colocamos: De onde vimos? Para onde vamos? Edmond Kirsch, um cientista futurologista, parece ter a resposta a isto, preparando-se para a divulgar num grande evento no Museu Guggenheim, em Bilbau. Na assistência, está Robert Langdon, mas também outra pessoa que acabará por estragar a festa.

Na companhia de Ambra Vidal, diretora do museu e noiva do futuro rei de Espanha (esta foi a parte que achei mais dispensável), Langdon empreende uma fuga e uma busca em simultâneo. Fuga de quem quer impedir a revelação de Kirsch. Busca da própria revelação, para que possa ser divulgada.

Entre o Guggenheim, a Sagrada Família e a Casa Milá (La Pedrera, uma das obras-primas de Gaudí, em Barcelona), a tensão não é menor do que nos outros livros de Langdon, com descrições impecáveis e muito realistas. A descrição da Casa Milá é fidelíssima ao original; através da do Gugenheim, que não conheço, pude visualizar na perfeição pormenores que depois confirmei através de fotografias.

Pelo meio, e com um papel não desprezível, está a inteligência artificial num nível que não me parece que esteja assim tão longe. Gostei bastante.

9 de março de 2018

Gianluca Gimini: as bicicletas

E se alguém nos pedisse para, de cor, desenharmos uma bicicleta? Estou certa de que muito poucos de nós conseguiriam desenhar uma bicicleta que, se transposta para a realidade, não se partisse assim que alguém tentasse montar-se nela.

Foi isso que Gianluca Gimini fez: pediu a uma série de pessoas para desenharem uma bicicleta de cabeça e depois construiu protótipos a partir dos desenhos. O resultado é este.
















8 de março de 2018

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Gianluca Gimini: os ténis

Para tentar perpetuar embalagens antigas de produtos italianos, que provavelmente cairiam no esquecimento, Gianluca Gimini aplicou o design vintage a uma série de ténis, resultando nisto. Nenhum destes ténis se destina a comercialização.