No Natal reúne-se a família. Infelizmente, a minha tem sido reduzida ao longo dos anos. Os mais velhos foram morrendo, não houve renovação com crianças, a separação dos meus pais reduziu ainda mais o número de pessoas reunidas (em contrapartida, este ano tive 3 jantares de Natal familiares: a 21, a 24 e a 25 de Dezembro).
Mas, pelo segundo ano consecutivo, a minha mãe teve o dom de trazer para a noite de Natal pessoas que já cá não estão. O ano passado, ofereceu-me uma fotografia do meu avô. Este ano, uma T-shirt com um passarinho pintada por uma tia, que eu devo ter usado no fim dos anos 80, pouco antes de ela morrer, nova. Espero deliciada pelo próximo Natal porque, melhor do que qualquer presente comprado, é receber estas pequenas heranças que só para mim têm valor. E muito.
29 de dezembro de 2008
27 de dezembro de 2008
Supertópico sobre superfilmes
E como já não escrevo qualquer tópico há muito tempo, e porque até tenho muita coisa para dizer, tento agora pôr a filmografia em dia.
Ensaio sobre a Cegueira - O título em inglês, Blindness, é bem mais forte, mas faça-se jus ao romance de Saramago que lhe serviu de inspiração. Para quem não conhece a história, uma epidemia de cegueira invade uma grande cidade, afectando todos menos uma única mulher (Julianne Moore, numa óptima interpretação). Aos poucos, o ser humano de cada um vai desaparecendo, dando lugar ao mais básico instinto de sobrevivência, pela comida, pelo sexo, pelo espaço, por tudo. Quando li o livro há uns anos, fiquei impressionada, sobretudo com a descrição das cenas de sexo praticado em qualquer lugar entre desconhecidos tomados pela cegueira. Mas o filme consegue chocar ainda mais: vejo todas as imundícies, sinto todos os cheiros, ouço todos os ruídos, e tenho pavor de que um dia o mesmo nos pudesse acontecer. Excelente adaptação, que o próprio Saramago agradeceu por ter sido feita.
Se há alturas em que não há nada de jeito para ver no cinema, estamos agora numa época em que a escolha de boas hipóteses é tão grande que me vejo aflita para conseguir ver tudo antes que saiam de cartaz. Começando pelo que vi mais recentemente...
Caos Calmo - Nanni Moretti mais uma vez no seu melhor. Este filme não é realizado por ele mas teve a sua colaboração no argumento, e Moretti é a personagem principal que aparece em mesmo todas as cenas. Adaptado do livro de Sandro Veronesi, é a história de Pietro, um homem cuja mulher morre de repente enquanto ele estava na praia a salvar outra mulher de morrer afogada. Dias depois, ao levar a filha à escola, Pietro decide ficar lá fora todo o dia à espera, sentado num banco de jardim ou no carro. E no dia seguinte a mesma coisa. E no outro a seguir também. A certa altura, o mundo de Pietro gira naquele jardim, onde familiares, amigos e colegas de trabalho o visitam porque a vida dos outros não pode parar. No meio do drama, Nanni Moretti consegue mais uma vez fazer-nos rir, como já tinha acontecido em O Quarto do Filho, Querido Diário, Abril... O olhar directo, os pensamentos imponderáveis, as listas mentais, tudo é do melhor que há. Muito, muito bom.
Bolt - Um cão actor que nunca viveu fora do estúdio julga que tem superpoderes a sério. Até que um dia, num daqueles azares que só acontecem nos filmes, entre num caixote e vai parar a um estado do outro lado do continente. E, aos poucos, vai-se apercebendo de que superpoderes só mesmo nos filmes. Acompanhado por uma gata manhosa e por um hamster deslumbrado com o seu suposto super-herói, Bolt empreende uma viagem de milhares de quilómetros para voltar para a sua «pessoa» e para a sua casa, aproveitando para, pelo meio, aprender a ser um cão a sério. Em algumas salas, o filme vê-se em 3D com uns óculos próprios (já de plástico, bem diferentes dos usados para ver o longínquo Monstro da Lagoa Negra...), e vale a pena. A ver por miúdos e não só.
Ensaio sobre a Cegueira - O título em inglês, Blindness, é bem mais forte, mas faça-se jus ao romance de Saramago que lhe serviu de inspiração. Para quem não conhece a história, uma epidemia de cegueira invade uma grande cidade, afectando todos menos uma única mulher (Julianne Moore, numa óptima interpretação). Aos poucos, o ser humano de cada um vai desaparecendo, dando lugar ao mais básico instinto de sobrevivência, pela comida, pelo sexo, pelo espaço, por tudo. Quando li o livro há uns anos, fiquei impressionada, sobretudo com a descrição das cenas de sexo praticado em qualquer lugar entre desconhecidos tomados pela cegueira. Mas o filme consegue chocar ainda mais: vejo todas as imundícies, sinto todos os cheiros, ouço todos os ruídos, e tenho pavor de que um dia o mesmo nos pudesse acontecer. Excelente adaptação, que o próprio Saramago agradeceu por ter sido feita.
By the way, muitos outros filmes que quero ver depressa: A Turma, Amália, Austrália, Madagáscar 2, Destruir Depois de Ler.
15 de dezembro de 2008
Situação surreal
Eu no computador, online com a empresa. A televisão no Mezzo, a transmitir um concerto de música clássica. As gatas a entrar e a sair de casa aos pulos. E 3 homens pendurados em escadotes a colarem-me papel na parede. Agora, neste momento.
14 de dezembro de 2008
Mais uma sugestão saramaguiana
Emitido no dia 10.12, na RTP.
Repetido hoje, 14.12, na RTPN, às 21h00.
E repetido outra vez no dia 23.12, na RTP2, às 00h10.
Levantado do Chão, o documentário mais simples, mais completo e mais comovente que tenho visto nos últimos tempos: http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=24636&e_id=&c_id=1&dif=tv
Para ficar a saber quase tudo sobre o senhor que reparou que «às árvores pintadas não caem as folhas».
Repetido hoje, 14.12, na RTPN, às 21h00.
E repetido outra vez no dia 23.12, na RTP2, às 00h10.
Levantado do Chão, o documentário mais simples, mais completo e mais comovente que tenho visto nos últimos tempos: http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=24636&e_id=&c_id=1&dif=tv
Para ficar a saber quase tudo sobre o senhor que reparou que «às árvores pintadas não caem as folhas».
13 de dezembro de 2008
A viagem do elefante, de José Saramago
E a personagem principal... é mesmo um elefante.
Salomão, mais tarde rebaptizado Solimão, acompanhado de Subhro, mais tarde rebaptizado Fritz. Um elefante asiático e o seu cornaca (vulgo, tratador). Nascidos na Índia, vindos de Goa para Lisboa. Dois anos estacionados em Belém, até que um dia um rei se lembrou de o oferecer ao seu primo, arquiduque da Áustria. E assim começa a viagem. Um conto bem ao estilo saramago, com história, ironia, humor, comparações com o presente, muitos «flashforwards» que nos dão rebuçados de vez em quando.
Uma história que quase me é contada ao ouvido, em que quero cada vez mais conhecer o elefante, vê-lo, cheirá-lo, ouvir os seus barritos, tocar na sua pele grossa e áspera, ser enrolada pela sua tromba para ser pousada na sua testa.
Diz Saramago que Pilar não deixou que ele morresse, para que pudesse acabar este livro. Forma-se-me um nó na garganta e um aperto no peito só de imaginar que um dia poderá não haver mais elefantes a viajar pela minha imaginação.
PS: Nota especial para a fantástica capa que inicia a lavagem à cara dos livros de Saramago. Uma obra de arte que cobre outra obra de arte. Da autoria de Rui Garrido, que tenho a sorte de conhecer por sempre que lhe peço me dar também muitas e boas ideias para os livros escolares que edito.
7 de dezembro de 2008
3 de dezembro de 2008
Procura-se
E porque aqui há dias me esqueci de referir outra profissão que não me importava de ter (mas só como nas séries...), aqui vai: detective, hoje mais do que nunca. Isto porque sou extremamente curiosa, e tantas e tantas vezes gosto de saber das coisas porque sim, não porque me sirvam para alguma coisa, mas porque simplesmente gosto de saber.
Só que hoje até me dava muito jeito. Porque a minha empregada desapareceu sem deixar rasto. Trabalhava comigo, na minha mãe e em mais 2 ou 3 amigos há mais de 4 anos e, de repente, nada. A semana passada insistiu a pedir-nos o subsídio de Natal, pedido estranho, uma vez quer era algo a que tinha direito e que nem precisava de pedir. Que vinham cá os filhos no Natal (é romena) e uns cunhados, que queria comprar as passagens. Só estranhámos a insistência e a vinda dos filhos, que cá tinham estado há pouco tempo. Ontem de manhã, não apareceu, ela que em 5 anos de trabalho nem uma vez faltou. Telemóvel desligado. Pela hora de almoço, apercebemo-nos de que durante o fim-de-semana deixara as chaves de todas as casas em que trabalhava em cada caixa de correio, dentro de sobrescritos, sem nenhum recado. Para quem não a conhece, pode não parecer uma atitude tão estranha, simplesmente terá voltado para a Roménia sem mais. Mas nós conhecíamos a L, conversávamos e preocupávamo-nos com ela. E sabemos que para ter tomado uma atitude destas algo de muito errado deve ter acontecido. Ontem antes de me deitar ainda lhe enviei uma mensagem. A dizer-lhe que tinha pena mas que esperava que estivesse bem. Sei que durante a noite a recebeu. Não sei mais nada.
Só que hoje até me dava muito jeito. Porque a minha empregada desapareceu sem deixar rasto. Trabalhava comigo, na minha mãe e em mais 2 ou 3 amigos há mais de 4 anos e, de repente, nada. A semana passada insistiu a pedir-nos o subsídio de Natal, pedido estranho, uma vez quer era algo a que tinha direito e que nem precisava de pedir. Que vinham cá os filhos no Natal (é romena) e uns cunhados, que queria comprar as passagens. Só estranhámos a insistência e a vinda dos filhos, que cá tinham estado há pouco tempo. Ontem de manhã, não apareceu, ela que em 5 anos de trabalho nem uma vez faltou. Telemóvel desligado. Pela hora de almoço, apercebemo-nos de que durante o fim-de-semana deixara as chaves de todas as casas em que trabalhava em cada caixa de correio, dentro de sobrescritos, sem nenhum recado. Para quem não a conhece, pode não parecer uma atitude tão estranha, simplesmente terá voltado para a Roménia sem mais. Mas nós conhecíamos a L, conversávamos e preocupávamo-nos com ela. E sabemos que para ter tomado uma atitude destas algo de muito errado deve ter acontecido. Ontem antes de me deitar ainda lhe enviei uma mensagem. A dizer-lhe que tinha pena mas que esperava que estivesse bem. Sei que durante a noite a recebeu. Não sei mais nada.
28 de novembro de 2008
Outras profissões que não me importava de ter
Porque adoro ser editora, mas porque também gostaria de ser muitas outras coisas, não me importava de:
- ser tratadora de animais num parque – passar o dia rodeada por eles, selvagens ou mais pacíficos, preocupar-me com o seu bem-estar, com a sua alimentação, com o estudo dos seus comportamentos;
- ser jardineira – ter como grandes preocupações a chuva e o sol, o frio e o calor, o vento e a geada. Sentir o cheiro da terra molhada, da relva acabada de cortar, ter os braços arranhados por ramagens;
- ser curadora de um museu – pesquisar e conhecer ao pormenor todas as peças, catalogá-las, torná-las atraentes e perceptíveis para quem as visita;
- ser arquitecta – talvez seja herança de família, sonhar com casas imaginárias e concretizá-las, poder entrar em espaços criados por mim, ver crescer edifícios rasgados saídos do meu papel;
- ser pet-sitter – ter um molho de chaves de casas diferentes, passar os dias a passear cães, a falar com gatos, a alimentar os periquitos e as tartarugas.
3-3. Três profissões ao ar livre vs. três profissões em espaços fechados. Não sei quais ganham. Mas sei que se um dia tivesse de fazer reboot não me atrapalharia.
- ser tratadora de animais num parque – passar o dia rodeada por eles, selvagens ou mais pacíficos, preocupar-me com o seu bem-estar, com a sua alimentação, com o estudo dos seus comportamentos;
- ser jardineira – ter como grandes preocupações a chuva e o sol, o frio e o calor, o vento e a geada. Sentir o cheiro da terra molhada, da relva acabada de cortar, ter os braços arranhados por ramagens;
- ser curadora de um museu – pesquisar e conhecer ao pormenor todas as peças, catalogá-las, torná-las atraentes e perceptíveis para quem as visita;
- ser arquitecta – talvez seja herança de família, sonhar com casas imaginárias e concretizá-las, poder entrar em espaços criados por mim, ver crescer edifícios rasgados saídos do meu papel;
- ser pet-sitter – ter um molho de chaves de casas diferentes, passar os dias a passear cães, a falar com gatos, a alimentar os periquitos e as tartarugas.
3-3. Três profissões ao ar livre vs. três profissões em espaços fechados. Não sei quais ganham. Mas sei que se um dia tivesse de fazer reboot não me atrapalharia.
27 de novembro de 2008
26 de novembro de 2008
Distracção?
Será possível andar tão distraída, tão a pensar noutras coisas, tão com a cabeça cheia de hipóteses e de encruzilhadas, que até me engano no caminho para casa? Pior é quando um «pequeno» engano destes me obriga a atravessar para lá e para cá uma ponte com quase 20 km, a passar o rio num dos seus troços mais largos, a gastar um balúrdio em portagem e a chegar a casa 3/4 de hora depois.
Fotografia de Dora Lopes.
24 de novembro de 2008
And here we go again...
17 de novembro de 2008
Tréguas
Já aqui falei várias vezes de Paul Auster, um dos meus escritores preferidos. Só nunca contei que um dia me zanguei com ele. Há já uns anos, quando esteve em Lisboa a dar umas conferências e a lançar um livro, já não me lembro qual. Depois de horas à espera na Fnac Chiado, só para o ouvir falar, chegou com o editor (na altura, o Manuel Valente) que transmitiu que o autor estava demasiado cansado para falar e que só iria dar autógrafos. Tinha feito uma palestra no dia anterior na Culturgest, e pareceu-me que não estava para mais conversas. Fiquei fula. Mas continuei a comprar e a gostar dos livros na mesma.
Foi assim com um certo cepticismo que fui ontem à Fnac do Cascaishopping com o mesmo propósito. Conferência às 15h. Pelas 15h10, informação de que o autor estava atrasado. Pelas 15h20, a mesma coisa. E eu a começar a ferver. Mas então lá apareceu. Alto, vestido de escuro, tal como eu o imaginava. Começando por dizer que só tinha sido informado da conferência às 12h. Medo. Mas o gelo lá se quebrou, só que a conferência seria à base das perguntas da audiência. Primeiro o silêncio da vergonha, depois lá arrancámos. E lá lhe perguntei sobre a experiência como realizador (por acaso, sobre um filme de que não gostei). E Paul Auster tornou-se de repente humano, com piadas, com desejos, com sonhos, com simpatia. Mais 5 ou 6 perguntas e a conversa esmoreceu. Até que arranjei coragem para o confrontar com uma dúvida que me assolava há muito: a grande semelhança entre um dos livros da sua mulher (Siri Hustvedt) e o seu próprio estilo - as histórias dentro da história. Negou, julgo que ficou incomodado, e se calhar até fui eu que fui injusta, afinal só li um livro dela, e dos mais antigos, e parece que hoje já não é assim.
Mas tirei a barriga de misérias. E fiz as pazes com ele. Mesmo que ele não as tenha feito comigo. Porque não sabia que precisava de o fazer.
15 de novembro de 2008
«'cause I'll never be with you»
De manhã gosto sempre de ouvir música na rádio, nos 20 ou 30m minutos que demoro até à empresa. Aliás, é a única altura em que ouço rádio, na ida e na volta. Mas raras vezes presto grande atenção às letras das músicas que ouço. Ou só ouço a melodia, ou só ouço o refrão, ou se me parecem muito lamechas vão-me passando ao lado. Mas esta semana, vá-se lá saber porquê, prestei atenção a uma letra de James Blunt, «You´re beautiful». E só agora percebi que relata um encontro «visual» de circunstância no metro, com uma pessoa que poderia trazer todas as possibilidades do mundo mas que não se voltará a repetir.
E de repente recordo muito claramente uma vez em que o mesmo me aconteceu. Há pouco mais de um ano, num regresso de Ponta Delgada, no vaivém cheio de gente do avião para o aeroporto, uma troca de olhares, a partilha de um momento, eu, ele, umas calças de ganga, um blusão, lembro-me bem de como estava vestido. De ainda nos vermos mais uma vez no tapete das bagagens, e depois o vazio, sabendo que ali poderia estar tudo. E a certeza de que o mesmo encontro nunca se repetiria.
Tal como na canção, «'cause I'll never be with you». Tenho pena.
E de repente recordo muito claramente uma vez em que o mesmo me aconteceu. Há pouco mais de um ano, num regresso de Ponta Delgada, no vaivém cheio de gente do avião para o aeroporto, uma troca de olhares, a partilha de um momento, eu, ele, umas calças de ganga, um blusão, lembro-me bem de como estava vestido. De ainda nos vermos mais uma vez no tapete das bagagens, e depois o vazio, sabendo que ali poderia estar tudo. E a certeza de que o mesmo encontro nunca se repetiria.
Tal como na canção, «'cause I'll never be with you». Tenho pena.
12 de novembro de 2008
A sétima porta, de Richard Zimler
Quando pensava na II Guerra Mundial (tema que sempre me interessou pela minha incompreensão para com ele), pensava essencialmente no «durante», nos horrores do Holocausto, nos campos de concentração, nas valas comuns, nas caras famintas e sem expressão dos que eram transportados para Auschwitz, Buchenwald, Sachsenhausen e tantos outros campos «de trabalho». E pensava também essencialmente no povo judeu, implacavelmente perseguido.
Mas houve também um «antes» e um «depois», e muitas outras vítimas não judias de que muitos nem nos apercebemos. Em A Sétima Porta, de Richard Zimler, conheci a história de Sophie, uma rapariga de 15 anos em 1932, um ano antes de Hitler ser nomeado chanceler da Alemanha. Sophie vive em Berlim e tem um pai comunista, uma mãe católica e um irmão «parado» (autista, nos nossos dias). Não são judeus, mas Sophie tem muitos amigos judeus e vive também rodeada de outras personagens menos ortodoxas: uma amiga que sofre de gigantismo, dois anões, dois surdos, um cego.
Ao longo dos anos, vamos assistindo às manobras cada vez mais insinuantes do partido nacional-socialista, com o objectivo de banir o povo judaico e todos os seus vestígios da sociedade. Como cúmulo, na Noite de Cristal, depois de arianos terem destruído milhares de lojas judaicas, os judeus são obrigados a pagar multas pela destruição das suas próprias posses. Também os deficientes são perseguidos, a maioria dos quais esterilizados para não «sujarem» a raça ariana.
Ao longo dos anos, cada personagem tenta adaptar-se às novas circunstâncias, umas continuando a lutar até ao fim, outras «mudando de equipa» à medida que a conjuntura se vai alterando. Algumas personagens surpreendem-nos, outras nem por isso.
Mas houve também um «antes» e um «depois», e muitas outras vítimas não judias de que muitos nem nos apercebemos. Em A Sétima Porta, de Richard Zimler, conheci a história de Sophie, uma rapariga de 15 anos em 1932, um ano antes de Hitler ser nomeado chanceler da Alemanha. Sophie vive em Berlim e tem um pai comunista, uma mãe católica e um irmão «parado» (autista, nos nossos dias). Não são judeus, mas Sophie tem muitos amigos judeus e vive também rodeada de outras personagens menos ortodoxas: uma amiga que sofre de gigantismo, dois anões, dois surdos, um cego.
Ao longo dos anos, vamos assistindo às manobras cada vez mais insinuantes do partido nacional-socialista, com o objectivo de banir o povo judaico e todos os seus vestígios da sociedade. Como cúmulo, na Noite de Cristal, depois de arianos terem destruído milhares de lojas judaicas, os judeus são obrigados a pagar multas pela destruição das suas próprias posses. Também os deficientes são perseguidos, a maioria dos quais esterilizados para não «sujarem» a raça ariana.
Ao longo dos anos, cada personagem tenta adaptar-se às novas circunstâncias, umas continuando a lutar até ao fim, outras «mudando de equipa» à medida que a conjuntura se vai alterando. Algumas personagens surpreendem-nos, outras nem por isso.
Finda a guerra, a vida de Sophie já deu voltas que grande parte das nossas vidas nunca darão. E ainda bem. Terminado o livro, chego a uma conclusão que poucos livros me mostram: que sorte que tenho de ter nascido neste tempo e neste lugar.
11 de novembro de 2008
Quem diz a verdade não merece castigo?
Hoje vi pela primeira vez uma emissão completa de O Momento da Verdade, apresentado por Teresa Guilherme. Já tinha ouvido falar, até já tinha assistido a uma ou duas perguntas, mas hoje tive a dose completa. Isto porque esta mulher que...
- ... fez parte de um bando e esteve em casas de correcção;
- ... confessa nunca ter amado um homem e ter destruído pelo menos um casamento;
- ... disse ao pai da sua filha que não queria continuar com ele quando ele a visitou na maternidade;
- ... chama «bruxa» à mãe;
- ... deixou a filha para ser criada pela mãe até aos 7 anos e depois recorreu à polícia para a ir buscar;
- ... internou a filha num colégio interno;
... acabou por ganhar €250.000. Porque respondeu com a verdade a todas as perguntas que lhe fizeram . Enfim.
10 de novembro de 2008
Desvantagens de ser a primeira
Fui, e continuo a ser desde há cerca de um mês, a primeira e única habitante de um prédio com 32 apartamentos. E não tem sido nada fácil... Senão veja-se:
- durante as primeiras duas semanas, a água quente ia e vinha, e não raras vezes tive de tomar banho «à gato» (e vivam os Dodots). Lá descobri que o problema era da bomba que abastece o cilindro, e que era ligada diária e manualmente por um funcionário da obra. Ora, quando o sujeito se esquecia, quem ficava com água fria era eu. Arranjei agora uma solução de compromisso: sou eu mesma quem vai ligar a bomba todas as noites, durante cerca de uma hora. Com a agravante de, nos primeiros tempos, ter tido de ir à casa das máquinas (na garagem) às escuras e às apalpadelas;
- as escadas e zonas comuns estão um nojo, sempre com pó, sempre com pegadas, não fosse o meu edifício o último antes de se passar a outros em obras. Assim, ter a casa impecavelmente limpa é também uma utopia;
- o vendedor já não pode ver o meu número de telefone a tocar-lhe no telemóvel, mas não resisto, porque estou sempre a encontrar pequenos defeitos que, se houvesse outros vizinhos, seriam diluídos por mais gente. Assim, quem passa por chata sou mesmo só eu;
- e de vez em quando ainda tenho trolhas a passar por mim com um sorrisinho e um «Boa noite, tudo bem?». E o pior é que tenho mesmo de responder.
Estou a pensar em cobrar uma taxa aos meus futuros vizinhos, por todos os problemas que me vi obrigada a resolver-lhes quando eles ainda nem sabiam que existiam.
- durante as primeiras duas semanas, a água quente ia e vinha, e não raras vezes tive de tomar banho «à gato» (e vivam os Dodots). Lá descobri que o problema era da bomba que abastece o cilindro, e que era ligada diária e manualmente por um funcionário da obra. Ora, quando o sujeito se esquecia, quem ficava com água fria era eu. Arranjei agora uma solução de compromisso: sou eu mesma quem vai ligar a bomba todas as noites, durante cerca de uma hora. Com a agravante de, nos primeiros tempos, ter tido de ir à casa das máquinas (na garagem) às escuras e às apalpadelas;
- as escadas e zonas comuns estão um nojo, sempre com pó, sempre com pegadas, não fosse o meu edifício o último antes de se passar a outros em obras. Assim, ter a casa impecavelmente limpa é também uma utopia;
- o vendedor já não pode ver o meu número de telefone a tocar-lhe no telemóvel, mas não resisto, porque estou sempre a encontrar pequenos defeitos que, se houvesse outros vizinhos, seriam diluídos por mais gente. Assim, quem passa por chata sou mesmo só eu;
- e de vez em quando ainda tenho trolhas a passar por mim com um sorrisinho e um «Boa noite, tudo bem?». E o pior é que tenho mesmo de responder.
Estou a pensar em cobrar uma taxa aos meus futuros vizinhos, por todos os problemas que me vi obrigada a resolver-lhes quando eles ainda nem sabiam que existiam.
8 de novembro de 2008
Afinal sou TV dependente
Telejornais, ouço mas não vejo. Telenovelas, não vejo, só 15 ou 20 min. por semana quando janto em casa da minha mãe. Filmes, praticamente só no cinema. Séries, prefiro ver em DVD. Por isso, nunca pensei que a televisão me fizesse tanta falta.
Desde dia 18 de Outubro e até ontem vivi numa casa sem televisão nem Internet, num prédio onde para já sou a única habitante. Dei por mim a pôr no leitor de DVD séries que já tinha visto, só para me fazerem companhia enquanto fazia outras coisas. A estar em casa de amigos a olhar para a televisão só por olhar. A perder notícias, telenovelas, filmes e séries que noutra altura nunca me apeteceria ver.
Por isso hoje acho mesmo estranho que haja quem não tenha televisão em casa por opção. Porque esta foi mesmo uma caixinha que mudou o mundo. E porque no meu mundo fez muita falta durante estas 3 semanas.
Desde dia 18 de Outubro e até ontem vivi numa casa sem televisão nem Internet, num prédio onde para já sou a única habitante. Dei por mim a pôr no leitor de DVD séries que já tinha visto, só para me fazerem companhia enquanto fazia outras coisas. A estar em casa de amigos a olhar para a televisão só por olhar. A perder notícias, telenovelas, filmes e séries que noutra altura nunca me apeteceria ver.
Por isso hoje acho mesmo estranho que haja quem não tenha televisão em casa por opção. Porque esta foi mesmo uma caixinha que mudou o mundo. E porque no meu mundo fez muita falta durante estas 3 semanas.
I'm back
Quase dois meses depois dos meus tópicos regulares, espero agora voltar a sério à blogosfera.
E a Vespa mudou de cor, para vermelho. Para agradecer a persistência de quem me lê e esteve à espera tanto tempo e para agradecer às quase 3000 visitas que o blog entretanto teve enquanto eu estive off. No fundo, para que quem aqui volte a entrar perceba que estou on outra vez.
Mais tópicos muito em breve.
E a Vespa mudou de cor, para vermelho. Para agradecer a persistência de quem me lê e esteve à espera tanto tempo e para agradecer às quase 3000 visitas que o blog entretanto teve enquanto eu estive off. No fundo, para que quem aqui volte a entrar perceba que estou on outra vez.
Mais tópicos muito em breve.
22 de outubro de 2008
1 de outubro de 2008
Breves notícias
Ainda sem Net em casa, mas com as obras quase concluídas. Limpeza de obra feita, papel de parede ainda por escolher, Net ainda por contratar. Com saudades de publicar tópicos e de visitar blogs...
11 de setembro de 2008
Sem mais palavras
Filmagem de Rendall e Bourke no início dos anos 70 ao reencontrarem o leão Christian, um ano depois de o terem entregue a um parque do Quénia. O leão vivera com ambos no apartamento de Londres. Apesar de todos acharem que Christian não os iria reconhecer, este é o testemunho do encontro dos três.
9 de setembro de 2008
De trouxa às costas...
... é como tenho andado nos últimos dias. Sempre de mochila no carro, pelo menos uma muda de roupa e o nécessaire. Porque não é fácil (nem barato...) fazer 100 km todos os dias para ir e voltar do trabalho, e por vezes dormir em Lisboa é a única solução. Eu, que até gosto de rotinas, tenho andado tudo menos rotinada: numa casa que não é minha, num carro que não é meu, num computador que nã é meu, em percursos que não são meus. Quero o meu sofá de volta!
4 de setembro de 2008
Na biblioteca
Só para dar mais uma satisfação pela minha ausência: sem placa de Internet há quase 15 dias, resta-me a consulta de Internet na Biblioteca da Ericeira, por períodos de meia hora. Espero regressar em breve.
25 de agosto de 2008
Incidente em Antares, de Erico Veríssimo
E se os mortos regressassem ao mundo dos vivos e, sem nada a perder, desatassem a revelar os podres dos que por cá andam?
Em Incidente em Antares, a par de um retrato fantástico do Brasil e do Rio Grande do Sul desde o século XIX, Erico Verissimo aproveita para fazer uma elaborada crítica social, atingindo coronéis, delegados e prefeitos, a par de toda a população de uma pequena cidade gaúcha.
Descritivo sem ser monótono, irónico sem ser evidente. Oportunidade ainda para me ir habitando à nova grafia que aí vem para a língua portuguesa.
21 de agosto de 2008
As últimas passageiras...
... a abandonar a casa velha hoje de manhã foram estas 2 scooters.
Passageiras exigentes, pela fita que fizeram por não quererem sair. A Heinkel do meu irmão, porque está toda desconjuntada, sem ar nos pneus e sem pegar há uns anos. A minha Vespa, porque à última hora decidiu que não queria que lhe tirassem o cadeado. Valeu-me um funcionário de uma obra que, com o seu super alicate de corte, resolveu o assunto. A Heinkel morará na Ericeira até ver. A Vespa fará nova viagem (mas dessa vez terá de se esforçar um pouco mais, comigo em cima) quando a casa nova estiver pronta.
19 de agosto de 2008
Satisfações
Porque as devo a quem me lê, eis os motivos para tão prolongado «silêncio»:
- na 4.ª feira passada, apanhei um pequeno susto com os meus olhos que me obrigou a manter-me mais tempo afastada do computador;
- durante o fim-de-semana, deixei de vez o meu apartamento sem ainda ter o novo pronto. Foram dias cansativos física e psicologicamente;
- fiquei assim sem PC fixo e socorro-me agora de um portátil com placa de internet cedido pela empresa. Que, como portátil que é, tem as suas limitações de acessibilidade à rede. Ainda por cima, com este teclado, estou constantemente a escrever com erros...
- last but not least, estou de férias durante 3 semanas, na Ericeira, onde vivo oficialmente até ter a casa nova operacional.
- na 4.ª feira passada, apanhei um pequeno susto com os meus olhos que me obrigou a manter-me mais tempo afastada do computador;
- durante o fim-de-semana, deixei de vez o meu apartamento sem ainda ter o novo pronto. Foram dias cansativos física e psicologicamente;
- fiquei assim sem PC fixo e socorro-me agora de um portátil com placa de internet cedido pela empresa. Que, como portátil que é, tem as suas limitações de acessibilidade à rede. Ainda por cima, com este teclado, estou constantemente a escrever com erros...
- last but not least, estou de férias durante 3 semanas, na Ericeira, onde vivo oficialmente até ter a casa nova operacional.
10 de agosto de 2008
O Absolut português?
Ou algo ainda melhor? São assim as campanhas da Super Bock: criativas, positivas, surpreendentes. Tão boas que me fazem ter IMENSA pena de não suportar cerveja, nem mesmo o cheiro.
Nos outdoors a imaginação vai para além dos limites. Senão, veja-se as últimas campanhas associadas a emblemáticas praias portuguesas:
Nos anúncios de TV, o espírito é tão positivo, sempre com imagens tão fortes e músicas tão boas, que ficamos a acreditar que beber cerveja é acima de tudo uma atitude social, de partilha entre amigos.
Nos outdoors a imaginação vai para além dos limites. Senão, veja-se as últimas campanhas associadas a emblemáticas praias portuguesas:
A última vez que...
A 5 dias de deixar esta casa, agora com data certa e definitiva, estou numa fase terrível, porque dou por mim com pensamentos do género:
- Este é a última 6.ª feira em que adormeço no sofá nesta sala.
- Este é último sábado em que vou sair à noite e regresso a esta casa.
- Este é o último domingo em que acordo tarde neste quarto.
- Esta é a última vez em que vou às compras e as arrumo nesta cozinha.
E tantas outras «últimas vezes» que se vão repetir até à derradeira noite de 5.ª para 6.ª, quando for mesmo a última noite a dormir aqui. Por um lado, queria acabar depressa com isto, porque estou a entrar em angústia. Por outro, queria prolongar isto ao máximo, para que a última vez nunca chegasse.
Entretanto, «entretenho-me» a fazer caixotes com livros e a esventrar a casa ainda mais.
- Este é a última 6.ª feira em que adormeço no sofá nesta sala.
- Este é último sábado em que vou sair à noite e regresso a esta casa.
- Este é o último domingo em que acordo tarde neste quarto.
- Esta é a última vez em que vou às compras e as arrumo nesta cozinha.
E tantas outras «últimas vezes» que se vão repetir até à derradeira noite de 5.ª para 6.ª, quando for mesmo a última noite a dormir aqui. Por um lado, queria acabar depressa com isto, porque estou a entrar em angústia. Por outro, queria prolongar isto ao máximo, para que a última vez nunca chegasse.
Entretanto, «entretenho-me» a fazer caixotes com livros e a esventrar a casa ainda mais.
5 de agosto de 2008
Os homens que odeiam as mulheres, de Stieg Larsson
Nada o fazia prever, mas «Millenium - Os homens que odeiam as mulheres», de Stieg Larsson, ameaça tornar-se num fenómeno. Porque o livro é bom? Talvez. Mas, muito, por o autor ter morrido repentinamente de ataque cardíaco pouco depois de ter entregue a trilogia na sua editora sueca.
Em «Os homens que odeiam...», Stieg conta a história de um jornalista que, tendo de se afastar temporariamente da profissão, aceita um trabalho de investigação para descobrir o mistério de um desaparecimento há 40 anos. Com a ajuda de uma hacker marginal, Blomkvist muda-se durante meses para uma aldeia gelada da Suécia na tentativa de descobrir o mistério da família Vanger. E acaba por descobrir segredos muito piores do que estaria à espera.
O que mais gostei: a capa (que foi quase determinante para comprar o livro), as paisagens, as referências às sanduíches...
O que menos gostei: também a capa. Na tentativa de se assemelhar à capa da revista Millenium (de que Blomkvist é sócio), contém demasiada informação relativa à trama. O que acontece é que, nas primeiras 100 ou 200 páginas, muito pouco descobrimos de novo.
Mas ainda há mais dois livros da trilogia. Vamos esperar.
4 de agosto de 2008
Bons sonhos
3 de agosto de 2008
Hoje
A Adraga estava assim: bandeira vermelha, mar muito bravo, água muito fria, boa para bodyboarders. Muitos estrangeiros, poucos portugueses, poucas vozes, muito barulho das ondas. Como eu gosto.
2 de agosto de 2008
«Em Agosto trabalha-se pouco» = mito urbano
Em Agosto, 90 por cento das pessoas vai de férias. Ficam 10 por cento das pessoas na empresa. Mas o trabalho, a diminuir, diminui quando muito em 50 por cento, e já é muito. Logo, quem fica tem de trabalhar muito mais.
Em Agosto, o pessoal vai de férias com o argumento de que fica quase tudo feito. Mas quem fica rapidamente percebe que o quase tudo é muito pouco e que o que falta ainda é muito.
Em Agosto, o tempo está bom e os dias são longos. Mas quem fica não os pode aproveitar porque, para despachar trabalho, tem de trabalhar quase até o sol se pôr, o que significa ficar sempre muito mais horas do que durante o resto do ano.
Este Agosto, e na sequência do mês de Julho, estou a trabalhar no mínimo 12 horas por dia, no mínimo 6 horas em cada sábado, e passo as noites a pensar no que ainda falta fazer. A 18 de Agosto, irei eu, mas por essa altura estará o grosso da coluna a regressar. Nunca mais aprendo. Mas agradeço aos poucos que, em Agosto, adiaram voluntariamente as suas férias para ajudar a mim e os outros poucos que ficaram.
Em Agosto, o pessoal vai de férias com o argumento de que fica quase tudo feito. Mas quem fica rapidamente percebe que o quase tudo é muito pouco e que o que falta ainda é muito.
Em Agosto, o tempo está bom e os dias são longos. Mas quem fica não os pode aproveitar porque, para despachar trabalho, tem de trabalhar quase até o sol se pôr, o que significa ficar sempre muito mais horas do que durante o resto do ano.
Este Agosto, e na sequência do mês de Julho, estou a trabalhar no mínimo 12 horas por dia, no mínimo 6 horas em cada sábado, e passo as noites a pensar no que ainda falta fazer. A 18 de Agosto, irei eu, mas por essa altura estará o grosso da coluna a regressar. Nunca mais aprendo. Mas agradeço aos poucos que, em Agosto, adiaram voluntariamente as suas férias para ajudar a mim e os outros poucos que ficaram.
31 de julho de 2008
Fechada
Numa casa de banho interior sem janela. Numa casa vazia. Num prédio vazio. Numa urbanização em que só 3 prédios abaixo há gente. Sem telemóvel. Sem água (só um restinho na sanita). 10 minutos.
Aconteceu-me num destes fins-de-semana, numa das várias mudanças de tralha para a casa nova. Por curiosidade, decidi entrar na casa de banho e fechar a porta, para ver o espaço efectivo, uma vez que é muito pequena. Quando quis sair, a porta simplesmente não abriu. Primeiro, entrei em pânico ao perceber que estava com o telemóvel noutra divisão a metros de distância. E sem água. Foi só quando me acalmei que, com força, consegui abrir a porta, cuja lingueta está mal afinada.
Agora, à distância, dá para rir. Mas podia ter sido pior. Podia não ter aberto a porta. Podia não ter um jantar combinado e não terem dado pela minha falta. E, se os telemóveis tocassem, ouvi-los-ia mas não os poderia atender. E a água da sanita podia ter acabado. Assim, é só mais uma história para contar.
28 de julho de 2008
Where the hell is Matt?
É um símbolo de liberdade, de evasão, de um mundo sem fronteiras. Com a sua dança simples e trapalhona, traz-nos imagens de todo o planeta, numa versão sempre divertida, alegre e feliz.
Matt, australiano, fazia jogos de computador, até que um dia resolveu estourar todas as suas economias numa grande viagem pela Ásia. Até aqui, nada de novo, muita gente já fez o mesmo. Só que a dada altura deram-lhe a ideia de fazer «aquela dança», a tal dança apalhaçada que Matt dança melhor e pior do que ninguém. Os vídeos começaram a circular na Net e uma marca de pastilhas elásticas propôs-lhe um patrocínio para fazer o mesmo à volta do mundo.
A partir daí, é ver os vídeos. Nos primeiros Matt aparece sozinho, com uma alegria contagiante e uma música que nos dá vontade de saltar da cadeira e começar a dançar como ele e com ele. Nos mais recentes, as multidões seguem-no, do Iemen ao Brasil, da Noruega (não me atrevia a dançar sobre aquela rocha) à Rússia. Passando por Lisboa, claro. E as paisagens nem precisam de ser maravilhosas, mas Matt torna-as fantásticas. A rever muitas vezes (thanks, maninho, por me teres apresentado o Matt).
Ainda sozinho:
Já com uma legião de fãs:
E o site do Matt: http://www.wherethehellismatt.com/index.shtml?fbid=BU7-N6
Matt, australiano, fazia jogos de computador, até que um dia resolveu estourar todas as suas economias numa grande viagem pela Ásia. Até aqui, nada de novo, muita gente já fez o mesmo. Só que a dada altura deram-lhe a ideia de fazer «aquela dança», a tal dança apalhaçada que Matt dança melhor e pior do que ninguém. Os vídeos começaram a circular na Net e uma marca de pastilhas elásticas propôs-lhe um patrocínio para fazer o mesmo à volta do mundo.
A partir daí, é ver os vídeos. Nos primeiros Matt aparece sozinho, com uma alegria contagiante e uma música que nos dá vontade de saltar da cadeira e começar a dançar como ele e com ele. Nos mais recentes, as multidões seguem-no, do Iemen ao Brasil, da Noruega (não me atrevia a dançar sobre aquela rocha) à Rússia. Passando por Lisboa, claro. E as paisagens nem precisam de ser maravilhosas, mas Matt torna-as fantásticas. A rever muitas vezes (thanks, maninho, por me teres apresentado o Matt).
Ainda sozinho:
Já com uma legião de fãs:
E o site do Matt: http://www.wherethehellismatt.com/index.shtml?fbid=BU7-N6
24 de julho de 2008
The final countdown
21 de julho de 2008
Nem de propósito
Aqui há dias publiquei um tópico intitulado «Não faças aos outros...», sobre uma campanha contra os maus tratos aos animais.
Hoje, descubro no YouTube o videoclip de Disco Lies, de Moby, um defensor acérrimo dos direitos dos animais (novo álbum - Last Night). A música, fantástica, ao melhor estilo disco. O videoclip, completamente non-sense e sinistro, e por isso adorei-o: um pinto que cresce e, em tons de vingança divertida, decide perseguir o dono da cadeia de fast-food de frango. Mais uma vez não aconselhado a pessoas impressionáveis.
Hoje, descubro no YouTube o videoclip de Disco Lies, de Moby, um defensor acérrimo dos direitos dos animais (novo álbum - Last Night). A música, fantástica, ao melhor estilo disco. O videoclip, completamente non-sense e sinistro, e por isso adorei-o: um pinto que cresce e, em tons de vingança divertida, decide perseguir o dono da cadeia de fast-food de frango. Mais uma vez não aconselhado a pessoas impressionáveis.
20 de julho de 2008
Os meus livros...
... vão ser a última coisa a sair de minha casa quando me mudar. Neste momento, estou, os móveis, os livros e as gatas. Abro os armários da cozinha, e nada. Abro a despensa, e nada. Abro o frigorífico, e quase nada. Abro o roupeiro, e só algumas peças de verão. Já foi todo o recheio, ficaram só as cascas, à espera da mudança feita por profissionais.
Mas a casa ainda parece a mesma. Porque os livros ainda cá estão, por todo o lado. Deixei-os para o fim porque, por sugestão, da minha mãe, são demasiados e demasiado pesados para ser eu a levá-los todos. E eu aceitei a sugestão, toda contente. Porque sem eles é que a casa ficará vazia, sem alma. E quero que a alma seja a última coisa a sair desta casa.
Mas a casa ainda parece a mesma. Porque os livros ainda cá estão, por todo o lado. Deixei-os para o fim porque, por sugestão, da minha mãe, são demasiados e demasiado pesados para ser eu a levá-los todos. E eu aceitei a sugestão, toda contente. Porque sem eles é que a casa ficará vazia, sem alma. E quero que a alma seja a última coisa a sair desta casa.
18 de julho de 2008
Julho para mim está a ser assim
Acordar, ir para o trabalho, ver uma 3.ª versão de capas, chumbar as capas, olhar para os prazos, ler provas de português, ir ao oftalmologista, continuar a ler provas de português, sair de lá bem-disposta, ir à Câmara de Lisboa, sair de lá mal-disposta, ir para casa, fazer caixas de mudanças, dormir, acordar, ir para o trabalho, olhar para os prazos, voltar a perceber que só falta um mês para estar tudo pronto, contar pelos dedos de meia mão quem não vai de férias, ficar furibunda com originais de economia, começar a reorganizar os originais, engolir uns sapos, ler provas de português, ir jantar à minha mãe, ir para casa, dormir, acordar, ir para o trabalho, continuar a reorganizar a economia, ler provas de história, adiar ler provas de inglês, ver esboços de ilustrações, ver novas propostas de capas, voltar a chumbá-las, sair, ir ao Meco jantar e beber uns copos, ir para casa, dormir, acordar cheia de dores de cabeça, ir trabalhar cheia de dores de cabeça, ler provas de português, continuar com a economia, tomar um ben-u-ron, ter uma discussão, fazer comentários a mais esboços, aprovar as capas, ir para casa ainda com dores de cabeça, fazer caixas de mudanças, preparar avaliações, adormecer a saber que me vou/que me vão chatear, acordar com o despertador avariado, ir para o trabalho.
E ainda falta 6.ª feira.
Stress?
E ainda falta 6.ª feira.
Stress?
14 de julho de 2008
Adio, Adieu, Auf Wiedersehen, Goodbye
Homenagem aos meus óculos e às minhas lentes que não conto voltar a usar tão cedo nem tão tarde, e que guardarei apenas como uma recordação de 25 anos a ter de os carregar. Um mês e meio depois da colocação das lentes intraoculares, o saldo é muito positivo e só me voltam a apanhar na consulta de oftlamologia dos Capuchos no dia 25.05.09.
12 de julho de 2008
Dobro
O dobro do tamanho, o dobro do espaço, o dobro da segurança. Mas... o dobro do consumo, o dobro das avarias, o dobro das despesas de manutenção. Hoje, o dobro valeu-me apenas duas viagens entre casa nova e casa velha, bem carregadinho até cima e a cumprir a sua função. Lindo menino.
11 de julho de 2008
Hipersensibilidade antiviral
Só para justificar porque desde há uma semana deixei de conseguir visitar e comentar quaisquer blogs do Sapo. Ou o meu antivírus está hipersensível ou o Sapo criou uma nova ferramenta que está a querer invadir o meu PC com trojan horses... E não aguento estar a tentar ler um blog com a janela do antivírus constantemente a aparecer e a apitar. Tenho pena, mas é insuportável... Alguém me explica o que se está a passar?
7 de julho de 2008
Não faças aos outros...
Imagens da campanha da TBWA/Paris para a Humans for Animals. Não aconselhada a pessoas impressionáveis. A mim, confesso, fez-me impressão. Mas tanta como faria se as posições estivessem invertidas. E estão-no demasiado frequentemente.
6 de julho de 2008
Padrões da Ericeira
As ruas da Ericeira são um bocadinho labirínticas. E como gostaria eu de me poder perder lá no meio, mas o meu sentido de orientação é mais forte do que a deambulação. Assim, tento distrair-me com pormenores, na esperança de, ao voltar à realidade, não saber onde está o Norte. Ontem, ao fim da tarde, distraí-me com os padrões da Ericeira, azulejos antigos que cobrem ainda tantas casas da vila e que lhes dão um charme especial.
4 de julho de 2008
Planos para o fim-de-semana
Não fazer rigorosamente nada. Deixo as gatas, deixo a casa, deixo a cidade, deixo a net, deixo a TV por cabo. Pego no jipe, em livros, em uma ou outra revista. E em mais ninguém. E parto para a Ericeira até domingo, onde o mar é mais azul e onde planeio estar sem ninguém me chatear. Não queria levar telemóvel. Mas levo.
2 de julho de 2008
NG Fan
Quem «me lê» com alguma regularidade já terá percebido que sou leitora fiel da National Geographic. Leio todos os números de fio a pavio, mesmo que os acumule durante meses para depois os pôr em dia - como acontece agora, quando leio o de Março. Em cada edição, encho-me de uma nova visão de histórias de vidas humanas e animais, e sobretudo as imagens transportam-me para um mundo que às vezes esqueço que é também o meu. Este bebé gorila do Gabão, a viver num centro de recuperação, espreita agora do meu wallpaper:
1 de julho de 2008
30 de junho de 2008
Rostos hazaras
«Representando cerca de um quinto da população do Afeganistão, há muito que os hazaras são considerados forasteiros. São maioritariamente muçulmanos xiitas num país de maioria esmagadora muçulmana sunita. Têm fama de trabalhadores, mas reservam-lhes os empregos mais indesejáveis. As suas feições asiáticas marginalizaram-nos numa casta inferior e a sua alegada inferioridade é tão frequentemente recordada que alguns a aceitam como verídica. Os talibãs no poder – sobretudo sunitas fundamentalistas, da etnia pastum – consideravam os hazaras infiéis. Não tinham o aspecto morfológico que um afegão deveria ter, nem prestavam culto como um muçulmano deveria prestar. (...) Chegou então o dia 11 de Setembro de 2001, tragédia noutras paragens que pareceu trazer consigo a salvação para o povo hazara. Seis anos volvidos sobre a queda dos talibãs, ainda restam cicatrizes na pátria dos hazaras, mas existe uma sensação de viabilidade, impensável há uma década. Actualmente, a região é uma das mais seguras do Afeganistão e está em grande parte livre dos campos de papoila que prevalecem noutras regiões e alimentam o tráfico de droga. (...) Numa altura em que o país faz esforços para se reconstruir após décadas de guerra civil, muitos acreditam que Hazarajat poderia ser um modelo do que é possível, não só para os hazaras, mas para todos os afegãos.»
Há muito tempo que não me surpreendia com rostos tão belos assim (fotos de Steve McCurry):
National Geographic, Fevereiro de 2008
Há muito tempo que não me surpreendia com rostos tão belos assim (fotos de Steve McCurry):
Ali Aqa, 15 anos.
Hatika, 11 anos.
Torpekai, 12 anos.
Fiza, 12 anos.
27 de junho de 2008
Desistir de um livro
É algo que detesto, que me rói por dentro, que me traz sentimentos de culpa e cuja decisão arrasto durante dias a fio. Inicio a leitura cheia de entusiasmo, à segunda página começo a ter dificuldade em concentrar-me, são palavras que desconheço, frases que preciso de ler duas vezes, parágrafos de que me esqueço no parágrafo seguinte. Depois salto umas páginas só para espreitar, para ver se a coisa evolui de outro modo. Até que, apesar de muita insistência, dou por mim sem aquela vontade de me ir deitar cedo para ler, algo que todos os bons leitores compreendem perfeitamente. Porque o que me espera na mesa de cabeceira não me chama e não me prende.
Hoje desisto do Diário mínimo, de Umberto Eco. Ainda por cima, é um autor de que gosto, de quem já li quase todos os romances. E, mais por cima ainda, com ganância comprei também logo o Segundo diário mínimo, que assim vai ficar eternamente na prateleira dos não lidos... Das crónicas de costumes, gostei apenas de uma ou duas, e entendi de facto apenas três ou quatro. Deplorável.
Antigamente, insistia e insistia, e lia até ao fim mesmo com grande sacrifício. Hoje, insisto durante uns dias e depois desisto. Daqui a uns tempos, se não gostar da primeira página, passarei logo ao livro seguinte.
Segundo o meu pai, mudanças advindas do avanço na idade, de não querer perder tempo em algo que não nos prende quando há tanta coisa interessante à nossa espera.
Hoje desisto do Diário mínimo, de Umberto Eco. Ainda por cima, é um autor de que gosto, de quem já li quase todos os romances. E, mais por cima ainda, com ganância comprei também logo o Segundo diário mínimo, que assim vai ficar eternamente na prateleira dos não lidos... Das crónicas de costumes, gostei apenas de uma ou duas, e entendi de facto apenas três ou quatro. Deplorável.
Antigamente, insistia e insistia, e lia até ao fim mesmo com grande sacrifício. Hoje, insisto durante uns dias e depois desisto. Daqui a uns tempos, se não gostar da primeira página, passarei logo ao livro seguinte.
Segundo o meu pai, mudanças advindas do avanço na idade, de não querer perder tempo em algo que não nos prende quando há tanta coisa interessante à nossa espera.
26 de junho de 2008
25 de junho de 2008
Follow-up
Só para os muito curiosos - Relatório do auto de recepção da minha casa nova:
- Cozinha: afinar o tic-tac por cima do exaustor e abertura do exaustor + vista da bancada com mancha (união das pedras) + falta torneira do corte de gás + porta da cozinha com quina danificada e com falha no lacado em baixo
- Hall: óculo da porta de patim está torto + porta de patim com pequena folga (afinar) + porta de patim com pequena lasca no lacado (canto inferior direito - interior)
- Pátio: ripa partida (3.ª fila)
E pronto, agora é só esperar pelas correcções, receber a chave e começar a pôr lá tralha. E, depois da escritura, parede abaixo!, para pôr a decoração em marcha.
- Cozinha: afinar o tic-tac por cima do exaustor e abertura do exaustor + vista da bancada com mancha (união das pedras) + falta torneira do corte de gás + porta da cozinha com quina danificada e com falha no lacado em baixo
- Hall: óculo da porta de patim está torto + porta de patim com pequena folga (afinar) + porta de patim com pequena lasca no lacado (canto inferior direito - interior)
- Pátio: ripa partida (3.ª fila)
E pronto, agora é só esperar pelas correcções, receber a chave e começar a pôr lá tralha. E, depois da escritura, parede abaixo!, para pôr a decoração em marcha.
23 de junho de 2008
Em contagem decrescente
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